Perguntas sobre Deus

Quem é Deus? O que é Deus? Como podemos conhecê-lo?

Resposta:
Quem é Deus? - O fato
O fato da existência de Deus é tão visível, tanto através da criação quanto através da consciência do homem, que a Bíblia chama o ateu de "tolo" (Salmo 14:1). Assim, a Bíblia nunca tenta provar a existência de Deus, antes, ela supõe a Sua existência desde o início (Gênesis 1:1). O que a Bíblia faz é revelar a natureza, o caráter e a obra de Deus.

Quem é Deus? – A Definição
Pensar corretamente sobre Deus é de extrema importância porque uma falsa ideia sobre Deus é idolatria. Em Salmo 50:21, Deus reprova o ímpio com esta acusação: "Você pensa que eu sou como você?" Para começar, uma boa e resumida definição de Deus é "o Ser Supremo, o Criador e Regente de tudo o que existe; o Ser auto-existente que é perfeito em poder, bondade e sabedoria."

Quem é Deus? - Sua Natureza
Sabemos que certas coisas acerca de Deus são verdadeiras por uma razão: em Sua misericórdia Ele condescendeu a revelar algumas de Suas qualidades para nós. Deus é espírito, intangível por natureza (João 4:24). Deus é Um, mas existe como três pessoas: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo (Mateus 3:16-17). Deus é infinito (1 Timóteo 1:17), incomparável (2 Samuel 7:22) e imutável (Malaquias 3:6). Deus existe em todos os lugares (Salmos 139:7-12), sabe tudo (Mateus 11:21) e tem todo o poder e autoridade (Efésios 1; Apocalipse 19:6).

Quem é Deus? – Seu Caráter
Aqui estão algumas das características de Deus como reveladas na Bíblia: Deus é justo (Atos 17:31), amoroso (Efésios 2:4-5), verdadeiro (João 14:6) e santo (1 João 1:5). Deus mostra compaixão (2 Coríntios 1:3), misericórdia (Romanos 9:15) e graça (Romanos 5:17). Deus julga o pecado (Salmos 5:5), mas também oferece o perdão (Salmos 130:4).

Quem é Deus? - Sua Obra
Não podemos compreender Deus longe de suas obras porque o que Deus faz flui de quem Ele é. Aqui está uma lista resumida das obras de Deus, passadas, presentes e futuras: Deus criou o mundo (Gênesis 1:1, Isaías 42:5); Ele ativamente sustenta o mundo (Colossenses 1:17); Ele está executando o Seu plano eterno (Efésios 1:11) que envolve a redenção do homem da maldição do pecado e da morte (Gálatas 3:13-14); Ele atrai as pessoas para Cristo (João 6:44); Ele disciplina os Seus filhos (Hebreus 12:6) e Ele julgará o mundo (Apocalipse 20:11-15).

Quem é Deus? - Um Relacionamento com Ele
Na pessoa do Filho, Deus se encarnou (João 1:14). O Filho de Deus se tornou o Filho do homem e é, portanto, a "ponte" entre Deus e o homem (João 14:6, 1 Timóteo 2:5). É somente através do Filho que podemos ter o perdão dos pecados (Efésios 1:7), a reconciliação com Deus (João 15:15, Romanos 5:10) e a salvação eterna (2 Timóteo 2:10). Em Jesus Cristo, "habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Colossenses 2:9). Assim, para saber realmente quem é Deus, tudo que temos que fazer é olhar para Jesus.

Deus existe? Existem evidências da existência de Deus?

Deus existe? Eu acho interessante o fato de se dar tanta atenção a este debate. As últimas pesquisas nos informam de que mais de 90% das pessoas no mundo de hoje acreditam na existência de Deus ou de algum poder superior. Mesmo assim, de alguma forma, a responsabilidade de provar que Deus realmente existe é posta sobre aqueles que acreditam que Deus existe. Para mim, deveria ser o contrário.

No entanto, não se pode provar ou deixar de provar a existência de Deus. A Bíblia até mesmo diz que nós devemos aceitar por fé o fato de que Deus existe: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11:6). Se Deus assim o desejasse, Ele poderia simplesmente aparecer e provar para o mundo inteiro que Ele existe. Mas se Ele fizesse isso, não haveria mais necessidade de existir fé. “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram” (João 20:29).

Isso não significa, no entanto, que não existam evidências da existência de Deus. A Bíblia declara: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo” (Salmos 19:1-4). Olhando para as estrelas, compreendendo a vastidão do universo, observando as maravilhas da natureza, vendo a beleza de um pôr-do-sol – todas estas coisas apontam para um Deus Criador. Se estas coisas não fossem suficientes, também há evidência de Deus em nossos próprios corações. Eclesiastes 3:11 nos diz: “...[Ele] pôs a eternidade no coração do homem...”. Há alguma coisa no fundo do nosso ser que reconhece que há algo além desta vida e alguém além deste mundo. Nós podemos negar este conhecimento intelectualmente, mas a presença de Deus em nós e através de nós ainda estará lá. Apesar disso tudo, a Bíblia nos adverte que alguns, mesmo assim, irão negar a existência de Deus: “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus.” (Salmos 14:1). Visto que 98% das pessoas através da história, em todas as culturas, em todas as civilizações, em todos os continentes acreditam na existência de algum tipo de Deus – deve haver algo (ou alguém) causando esta crença.

Além dos argumentos Bíblicos para a existência de Deus, existem argumentos lógicos. Em primeiro lugar, existe o argumento ontológico. A forma mais popular do argumento ontológico basicamente usa o conceito de Deus para provar a existência de Deus. Ele começa com a definição de Deus como “do que este não pode ser concebido alguém maior”. Argumenta-se então que existir é maior do que não existir, logo o maior ser que pode ser concebido tem que existir. Se Deus não existisse então Deus não seria o maior ser que pode ser concebido – mas isso iria contradizer a própria definição de Deus. Em segundo lugar está o argumento teleológico. O argumento teleológico é aquele que diz que como o universo apresenta um projeto tão incrível, deve ter havido um projetista Divino. Por exemplo, se a terra estivesse apenas algumas centenas de quilômetros mais afastada ou mais próxima do sol, ela não seria capaz de sustentar grande parte da vida que sustenta no momento. Se os elementos na nossa atmosfera tivessem apenas alguns pontos percentuais de diferença, tudo o que vive na terra morreria. A chance de uma única molécula de proteína se formar ao acaso é de 1 em 10243 (isto é, 10 seguido de 243 zeros). Uma única célula possui milhões de moléculas de proteínas.

Um terceiro argumento lógico para a existência de Deus é chamado de argumento cosmológico. Todo efeito deve ter uma causa. Este universo e tudo o que há nele é um efeito. Tem que existir algo que causou a existência de tudo. Finalmente, deve existir alguma coisa “não-causada” que fez com que tudo viesse à existência. Este “não-causado” é Deus. Um quarto argumento é conhecido como o argumento moral. Todas as culturas através da história têm alguma forma de lei. Todo mundo tem um senso de certo e errado. Assassinar, mentir, roubar e agir de forma imoral são coisas quase universalmente rejeitadas. De onde veio este senso de certo e errado se não de um Deus santo?

Apesar de todas estas coisas, a Bíblia nos diz que as pessoas irão rejeitar o conhecimento claro e inegável de Deus e irão acreditar em uma mentira. Romanos 1:25 declara: “...eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém”. A Bíblia também proclama que as pessoas não têm desculpa para não acreditar em Deus: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das cousas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis” (Romanos 1:20).

As pessoas afirmam não acreditar em Deus porque “não é científico” ou “porque não há prova”. A verdadeira razão é que, uma vez que as pessoas admitam que há um Deus, elas também precisarão se dar conta de que devem ter responsabilidade para com Deus e que precisam do Seu perdão (Romanos 3:23; Romanos 6:23). Se Deus existe, então nós devemos prestar contas das nossas ações a Ele. Se Deus não existe, então nós podemos fazer o que quisermos sem termos de nos preocupar com o Seu julgamento sobre nós. Eu acredito que esta é a razão pela qual a evolução é tão fortemente aceita por muitos na nossa sociedade – para que as pessoas tenham uma alternativa a acreditar em um Deus Criador. Deus existe e todo mundo sabe que Ele existe. O fato de que alguns tentam tão agressivamente provar que Ele não existe é de fato um argumento para a Sua existência.

Permita-me expor um último argumento para a existência de Deus. Como eu sei que Deus existe? Eu sei que Deus existe porque eu falo com Ele todos os dias. Eu não O ouço falar comigo “de uma forma audível”, mas sinto a Sua presença, sinto a Sua liderança, conheço o Seu amor, desejo a Sua graça. As coisas aconteceram na minha vida de forma que não há outra explicação senão Deus. Deus me salvou e mudou a minha vida de forma tão milagrosa que eu só posso aceitar e louvar a Sua existência. Nenhum destes argumentos pode persuadir alguém que se recusa a aceitar o que é tão claro. No fim das contas, a existência de Deus deve ser aceita pela fé (Hebreus 11:6). A fé em Deus não é um salto cego no escuro, mas um passo seguro em um quarto bem iluminado onde 90% das pessoas já estão presentes.

Quais são os atributos de Deus? Como é Deus?

A boa notícia, quando tentamos responder a esta pergunta, é que há muito que pode ser encontrado sobre Deus! Aqueles que examinarem esta explicação podem achar melhor ler o texto inteiramente; depois voltar e procurar pelas passagens Bíblicas selecionadas para elucidação. As referências às Escrituras são completamente necessárias, porque sem a autoridade da Bíblia, este monte de palavras não seria nem um pouco melhor do que a opinião dos homens, a qual por si só é quase sempre incorreta para entender Deus (Jó 42:7). Nem precisamos dizer o quanto é importante para nós tentarmos entender a natureza de Deus! Se não o fizermos, provavelmente vamos nos levantar, procurar e adorar falsos deuses contrários a Sua vontade (Êxodo 20:3-5).

Apenas o que o próprio Deus escolheu de Si mesmo para ser revelado pode ser conhecido. Um dos atributos ou qualidades de Deus é “luz”, o que significa que Ele próprio Se revela (Isaías 60:19, Tiago 1:17). A realidade de que Deus revelou conhecimento sobre Si próprio não deve ser negligenciada, a fim de que nenhum de nós perca a oportunidade de entrar em Seu descanso (Hebreus 4:1). A Criação, a Bíblia e o Verbo feito carne (Jesus Cristo) irão nos ajudar a entender como é Deus.

Vamos começar por entender que Deus é nosso Criador e que nós somos parte da Sua criação (Gênesis 1:1; Salmos 24:1). Deus disse que o homem é criado a Sua imagem. O homem está acima do resto da criação e recebeu domínio sobre ela (Gênesis 1:26-28). A criação se deteriorou pela 'queda', mas ainda assim nos dá um flash, uma rápida idéia da obra de Deus (Gênesis 3:17-18; Romanos 1:19-20). Considerando a vastidão, complexidade, beleza e ordem da criação, nós podemos ter uma idéia da grandiosidade e magnificência de Deus.

A leitura de alguns dos nomes de Deus pode nos ajudar em nossa busca por como é Deus. Eles são os seguintes:

Elohim – O Forte, divino (Gênesis 1:1)
Adonai – Senhor, indicando uma relação de Mestre para servo (Êxodo 4:10, 13)
El Elyon – O mais Alto, o mais Forte (Gênesis 14:20)
El Roi – o Forte que enxerga (Gênesis 16:13)
El Shaddai – Deus Todo-Poderoso (Gênesis 17:1)
El Olam – eterno Deus (Isaías 40:28)
Yahweh – SENHOR “Eu Sou”, significando o Deus eterno auto-existente (Êxodo 3:13,14).

Vamos agora continuar examinando mais dos atributos de Deus; Deus é eterno, o que significa que Ele não teve início e que a Sua existência jamais irá cessar. Ele é imortal, infinito (Deuteronômio 33:27; Salmos 90:2; 1 Timóteo 1:17). Deus é imutável, o que quer dizer que Ele não muda; isto significa que Ele é absolutamente confiável (Malaquias 3:6; Números 23:19; Salmos 102:26,27). Deus é incomparável, o que quer dizer que não há ninguém como Ele em obras ou ser; Ele é inigualável e perfeito (2 Samuel 7:22; Salmos 86:8; Isaías 40:25; Mateus 5:48). Deus é inescrutável, o que significa que Ele é imensurável, inencontrável, impossível de ser inteiramente entendido (Isaías 40:28; Salmos 145:3; Romanos 11:33,34).

Deus é justo, o que quer dizer que Ele não demonstra favoritismo por algumas pessoas (Deuteronômio 32:4; Salmos 18:30). Deus é onipotente, o que significa que Ele é todo-poderoso; Ele pode fazer qualquer coisa que Lhe agrada, mas as Suas ações estarão sempre de acordo com o resto de Seu caráter (Apocalipse 19:6; Jeremias 32:17, 27). Deus é onipresente, o que significa que Ele está sempre presente, em todos os lugares; isto não significa que Deus seja tudo (Salmos 139:7-13; Jeremias 23:23). Deus é onisciente, o que significa que Ele conhece o passado, o presente e futuro, até mesmo aquilo que nós estamos pensando em qualquer dado momento; como Ele sabe tudo, Sua justiça será sempre administrada de forma justa (Salmos 139:1-5; Provérbios 5:21).

Deus é um, o que significa não apenas que não haja outro, mas também que Ele é único em ser capaz de conhecer as mais profundas necessidades e anseios dos nossos corações, e somente Ele é digno da nossa adoração e devoção (Deuteronômio 6:4). Deus é reto, o que significa que Deus não pode e não irá ignorar o erro; é por causa da Sua retidão e justiça, para que nossos pecados fossem perdoados, que Jesus teve que experimentar o julgamento de Deus quando nossos pecados foram postos sobre Ele (Êxodo 9:27; Mateus 27:45,46; Romanos 3:21-26).

Deus é soberano, o que significa que Ele é supremo; toda a Sua criação posta junta, conhecedora ou não-conhecedora, não pode impedir os Seus propósitos (Salmos 93:1; 95:3; Jeremias 23: 20). Deus é espírito, o que significa que Ele é invisível (João 1:18; 4:24). Deus é uma Trindade, o que quer dizer que Ele é três em um, de mesma substância, com poderes e glória iguais. Note na primeira passagem da Escritura citada que o 'nome' é singular, apesar de se referir a três Pessoas distintas - “Pai, Filho e Espírito Santo” (Mateus 28:19; Marcos 1:9-11). Deus é verdade, o que significa que Ele está de acordo com tudo o que Ele é. Ele irá permanecer incorruptível e não pode mentir (Salmos 117:2; 1 Samuel 15:29).

Deus é santo, o que significa que Ele está separado de toda poluição moral e a ela é hostil. Deus vê tudo o que é mal, e o mal O deixa enfurecido; o fogo é usualmente mencionado nas Escrituras junto com a santidade. Refere-se a Deus como um fogo que consome (Isaías 6:3; Habacuque 1:13; Êxodo 3:2,4,5; Hebreus 12:29). Deus é gracioso – isto incluiria Sua bondade, benevolência, misericórdia e amor, que são palavras que apenas de longe descrevem Sua bondade. Se não fosse pela graça de Deus, teríamos a impressão de que todos os Seus outros atributos nos excluiriam Dele. Felizmente, este não é o caso, pois Ele deseja conhecer a cada um de nós pessoalmente (Êxodo 34:6; Salmos 31:19; 1 Pedro 1:3; João 3:16; João 17:3).

Esta foi apenas uma tentativa modesta de responder a uma pergunta tão grande quanto Deus. Por favor, sinta-se fortemente encorajado a continuar procurando por Ele (Jeremias 29:13).

Deus é real? Como posso saber com certeza que Deus é real?

Sabemos que Deus é real porque Ele Se revelou a nós de três formas: na criação, na Sua Palavra e em Seu Filho, Jesus Cristo.

A prova mais básica da existência de Deus é simplesmente o que Ele fez. “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles (incrédulos) fiquem inescusáveis” (Romanos 1:20). “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Salmos 19:1).

Se eu encontrasse um relógio de pulso no meio de um campo, eu não iria pensar que ele simplesmente “apareceu” do nada ou que sempre existiu. Baseado em seu design, eu iria pressupor que alguém projetou suas formas. Mas eu vejo um design tão mais grandioso e preciso no mundo que nos cerca. Nossa medida de tempo não é baseada em relógios de pulso, mas na obra das mãos de Deus: na rotação regular da terra (e nas propriedades radioativas do átomo do césio-133). O universo exibe grandioso design, e isto exige um Grandioso Projetista.

Se eu encontrasse uma mensagem cifrada, eu buscaria um especialista que me auxiliasse na decodificação. Eu presumiria que há um emissor inteligente, alguém que criou o código. Quão complexo é o “código” do DNA que carregamos em cada célula de nossos corpos? Não é verdade que a complexidade e propósito do DNA exigem que haja um Escritor Inteligente para este código?

Deus não apenas fez o mundo físico de modo complexo, elaborado e detalhadamente ajustado, mas Ele também fez penetrar um senso de eternidade no coração de cada pessoa (Eclesiastes 3:11). A espécie humana tem uma percepção inata de que há mais entre o céu e a terra do que meramente aquilo que se vê, que há uma existência maior de que esta rotina secular. Nosso senso de eternidade se manifesta de pelo menos duas formas: na criação das leis e na adoração.

Através da história, todas as civilizações valorizam certas leis morais, que são surpreendentemente parecidas em cada cultura. Por exemplo, o ideal de amor é universalmente valorizado, enquanto a mentira é universalmente condenada. Este aspecto moral em comum, ou seja, esta compreensão global entre o certo e o errado, aponta para o Supremo Ser Moral que em nós imprimiu estes princípios.

Da mesma forma, independentemente da cultura, os povos de todo o mundo sempre cultivaram um sistema de adoração. O objeto da adoração pode variar, mas o sentido de haver um “poder maior” é uma parte inegável da condição humana. Somos propensos a adorar, o que está em harmonia com o fato de Deus ter nos criado “à Sua própria imagem” (Gênesis 1:27).

Deus também Se revelou a nós através de Sua Palavra, a Bíblia. Através das escrituras, a existência de Deus é tratada como um fato evidente por si só (Gênesis 1:1; Êxodo 3:14). Quando Benjamin Franklin escreveu sua autobiografia, ele não perdeu tempo tentando provar sua própria existência. Da mesma forma, Deus não gasta muito tempo provando Sua própria existência em Seu livro. A Bíblia, com sua natureza transformadora de vidas, sua integridade e milagres ocorridos durante o período em que foi escrita poderiam ser suficientes para justificar um olhar mais atento.

A terceira forma pela qual Deus Se revelou é através de Seu Filho, Jesus Cristo (João 14:6-11). “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós.” (João 1:1, 14). Em Jesus Cristo “habita corporalmente toda a plenitude de divindade” (Colossenses 2:9).

Na surpreendente vida de Jesus, Ele guardou perfeitamente toda a lei do Velho Testamento e cumpriu as profecias a respeito do Messias (Mateus 5:17). Ele agiu inúmeras vezes demonstrando compaixão e fez inúmeros milagres públicos, tudo para validar Sua mensagem e testemunhar a favor de sua divindade (João 21:24-25). Então, três dias após Sua crucificação, Ele ressuscitou dentre os mortos, um fato afirmado por centenas de testemunhas oculares (I Coríntios 15:6). Os registros da história estão cheios de “provas” de quem é Jesus. Como disse o Apóstolo Paulo: “... porque isto não se fez em qualquer canto” (Atos 26:26).

Sabemos que sempre haverá céticos com suas próprias idéias a respeito de Deus, e que de acordo com estas idéias, interpretarão estas provas. E haverá alguns que nenhuma quantidade de provas será capaz de convencer (Salmos 14:1). No final, o mais importante aspecto é a fé (Hebreus 11:6).

Deus criou o mal?

À primeira vista pode parecer que, se Deus criou todas as coisas, então deve também ter criado o mal. Entretanto, há aqui um pressuposto que deve ser esclarecido. O mal não é uma “coisa”, como uma pedra ou a eletricidade. Você não pode ter um pote de mal! Mas o mal é algo que acontece, como o ato de correr. O mal não tem uma existência própria, mas na verdade, é a ausência do bem. Por exemplo, os buracos são reais, mas somente existem em outra coisa. À ausência de terra, damos o nome de buraco, mas o buraco não pode ser separado da terra. Quando Deus criou todas as coisas, é verdade que tudo o que existia era bom. Uma das boas coisas criadas por Deus foram criaturas que tinham a liberdade em escolher o bem. Para que tivessem uma real escolha, Deus deveria permitir a existência de algo além do bem para escolher. Então Deus permitiu que esses anjos livres e humanos escolhessem o bem ou o não-bem (mal). Quando um mau relacionamento existe entre duas coisas boas, a isso chamamos de mal, mas não se torna uma “coisa” que exige ter sido criada por Deus.

Examine o exemplo de Jó em Jó capítulos 1 e 2. Satanás quis destruir Jó, e Deus permitiu que Satanás fizesse tudo, exceto matá-lo. Deus permitiu que isto acontecesse para provar a Satanás que Jó era reto porque amava a Deus, e não porque Deus o tinha tão ricamente abençoado. Deus é soberano, e no controle máximo de tudo o que acontece. Satanás nada pode fazer a não ser que tenha a “permissão” de Deus. Deus não criou o mal, mas Ele permite o mal. Se Deus não houvesse permitido a possibilidade do mal, tanto a espécie humana quanto os anjos estariam servindo a Deus por obrigação, não por escolha. Ele não quis “robôs” que simplesmente fizessem o que Ele gostaria que fizessem por causa de sua “programação”.

A resposta que a Bíblia nos dá é: Deus tem um propósito perfeitamente bom para a existência do mal. Vejamos a seguir. A Bíblia não só ensina que Deus sabe de todas as coisas, mas que Ele determinou, com precisão, o Seu plano para toda a história do universo. Deus detalhadamente determinou a existência e história para cada criatura desde antes da criação. Ele escreveu a história do mundo para a Sua glória, de sorte que tudo ocorre de acordo com o Seu perfeito plano e nada acontece sem ser previamente decretado por Deus. Em Isaías 46:9-10, Deus apresenta como evidência de Sua divindade o fato de que Ele tem determinado e declarado o fim desde o início. Ele diz: “...Eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim... o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (Isaías 46:10).

Não existe um átomo sequer em todo o universo que não esteja a cada momento sendo sustentado e guiado por Deus. Em Colossenses 1:16-17, Paulo diz: “...Tudo foi criado por meio dele e para Ele... Nele, tudo subsiste.” Hebreus 1:3 explicitamente diz que Ele “sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder.” Vimos então que Deus tem planejado e determinado o percurso de toda a criação (incluindo Satanás e todas as suas ações, como sua queda e as tentações que ele apresenta a nós, seres humanos). O mal que existe hoje não ocorre por acidente, mas porque Deus tem determinado em Seu perfeito plano que deveria ser assim. Isto pode ser surpreendente ou até vergonhoso para muitos, mas para Deus, não. Ele diz: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas cousas (Isaías 45:7). É notável que neste versículo Ele até usa o verbo mais forte (bara no Hebraico é a mesma palavra usada em Gênesis 1:1) para referir-se ao Seu envolvimento intencional com o mal. De fato, Ele até apresenta isto como evidência de Sua divindade, em contraste com os ídolos que são incapazes de fazer bem ou mal (Isaías 41:23). O inspirado profeta Jeremias apresenta a pergunta retórica: “Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o Senhor o não mande? Acaso, não procede do Altíssimo tanto o mal como o bem?” (Lamentações 3:37-38). É claro que a resposta esperada é que nada de bom ou mau ocorre sem que proceda de Deus. Semelhantemente, o profeta Amós pergunta: “Sucederá algum mal à cidade, sem que o SENHOR o tenha feito?” (Amós 3:6).

Basicamente, não há uma resposta a estas perguntas que possamos compreender totalmente. Como seres humanos limitados, jamais podemos compreender inteiramente um Deus infinito (Romanos 11:33-34). Às vezes pensamos que compreendemos por que Deus faz determinada coisa, e mais tarde descobrimos que era para um propósito diferente daquele que havíamos pensado. Deus vê as coisas sob uma perspectiva eterna. Nós vemos as coisas sob uma perspectiva terrena. Infelizmente, por natureza, preferimos a nossa própria concepção de Deus àquela do Deus verdadeiro.

Concluindo, a Bíblia ensina claramente que tudo que Deus criou era “muito bom” (Gênesis 1:31). Semelhantemente, a Bíblia termina descrevendo em Apocalipse 21 e 22 um período futuro quando tudo voltará a ser muito bom. Apocalipse 21:4 diz: “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas passaram.” Isto significa que quase toda a Bíblia, de Gênesis 3 a Apocalipse 20, trata do tempo quando o mal existe. Este é o tempo em que nós vivemos. Entretanto, é confortador, mesmo quando entendemos pouco do propósito de Deus para o mal, saber que tudo começou “muito bom” e há de terminar assim também!

Por que Deus permite que coisas ruins aconteçam com boas pessoas?

Por que coisas ruins acontecem com pessoas boas? Esta é uma das perguntas difíceis de toda a teologia. Deus é eterno, infinito, onisciente, onipresente, onipotente, etc. Por que nós, seres humanos (que não somos eternos, infinitos, oniscientes, onipresentes, onipotentes) vamos esperar que sejamos capazes de compreender inteiramente os caminhos de Deus? O livro de Jó lida com esta questão. Deus permitiu que Satanás fizesse tudo o que desejou com Jó, exceto matá-lo. Qual foi a reação de Jó? “Ainda que ele me mate, nele esperarei” (Jó 13:15). “... o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:21). Jó não compreendeu por que Deus tinha permitido as coisas que permitiu, mas sabia que Deus era bom e por isso perseverou confiando Nele. Esta também deveria ser a nossa reação. Deus é bom, justo, amoroso e misericordioso. Muitas vezes nos acontecem coisas que simplesmente não podemos entender. Entretanto, ao invés de duvidar da bondade de Deus, nossa reação deveria ser confiar Nele. “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas” (Provérbios 3:5-6).

Talvez uma pergunta mais apropriada seja: “Por que coisas boas acontecem com pessoas más?” Deus é santo (Isaías 6:3; Apocalipse 4:8). Os seres humanos são pecadores (Romanos 3:23; 6:23). Você quer saber como Deus vê a humanidade? “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis.Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos” (Romanos 3:10-18). Todo e qualquer ser humano neste planeta merece, neste exato momento, ser lançado no inferno. Cada segundo que temos de vida, cada segundo, nos é concedido pela graça de Deus. Até a mais terrível infelicidade que pudéssemos experimentar neste planeta é dádiva misericordiosa comparada com o que realmente merecemos, inferno eterno no lago de fogo.

Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores" (Romanos 5:8). Apesar da natureza má e pecadora das pessoas, Deus assim mesmo nos amou. Ele nos amou o suficiente para morrer, a fim de carregar a pena por nossos pecados (Romanos 6:23). Tudo o que precisamos fazer é crer em Jesus Cristo (João 3:16; Romanos 10:9) para que sejamos perdoados, e então a nós é prometido um lar no céu (Romanos 8:1). O que merecemos = inferno. O que Deus nos dá= vida eterna no céu se apenas crermos. Foi dito que este mundo é o único inferno que os crentes algum dia vão experimentar, e este mundo é o único céu que os infiéis vão experimentar. Da próxima vez que fizermos a pergunta: “Por que Deus permite que coisas ruins aconteçam com pessoas boas?”, talvez devamos perguntar: “Por que Deus permite que coisas boas aconteçam com pessoas más?”

O que a Bíblia ensina a respeito da Trindade?

A coisa mais difícil a respeito do conceito cristão da Trindade é que não há maneira de explicá-lo adequadamente. A Trindade é um conceito impossível de ser totalmente compreendido por qualquer ser humano, quanto mais explicado. Deus é infinitamente maior do que nós, por isso não devemos esperar que sejamos capazes de compreendê-Lo totalmente. A Bíblia ensina que o Pai é Deus, que Jesus é Deus e que o Espírito Santo é Deus. A Bíblia também ensina que há um só Deus. Mesmo podendo compreender alguns fatos sobre a relação das diferentes pessoas da Trindade umas com as outras, no geral, a Trindade é incompreensível à mente humana. Entretanto, não significa que não seja verdade ou fora dos ensinamentos da Bíblia.

Ao estudar este assunto, lembre-se de que a palavra “Trindade” não é usada nas Escrituras. Este é um termo usado em uma tentativa de descrever o Deus triúno, e o fato de haver 3 pessoas co-existentes e co-eternas perfazendo um só Deus. Compreenda que DE JEITO ALGUM se sugere aqui que haja 3 Deuses. A Trindade é 1 Deus feito de 3 pessoas. Não há nada errado em usar o termo “Trindade”, mesmo que esta palavra não se encontre na Bíblia. É mais prático dizer a palavra “Trindade” do que dizer “3 pessoas co-existentes e co-eternas perfazendo um só Deus”. Se isto for problema para você, considere isto: a palavra avô também não é usada na Bíblia. Mesmo assim, sabemos que havia avôs na Bíblia. Abraão foi avô de Jacó. Então, não fique obcecado com termo “Trindade”. O que realmente importa é que o conceito REPRESENTADO pela palavra “Trindade” existe nas Escrituras. Terminada esta introdução, mostraremos versículos bíblicos na discussão sobre a Trindade.

1) Há um só Deus: Deuteronômio 6:4; I Coríntios 8:4; Gálatas 3:20; I Timóteo 2:5.

2) A Trindade consiste de três Pessoas: Gênesis 1:1; 1:26; 3:22; 11:7; Isaías 6:8; 48:16; 61:1; Mateus 3:16-17; 28:19; II Coríntios 13:14. Nas passagens do Velho Testamento, algum conhecimento de hebraico é de grande ajuda. Em Gênesis 1:1, é usado o substantivo plural “Elohim”. Em Gênesis 1:26; 3:22; 11:7 e Isaías 6:8, o pronome plural equivalente a “nós” é usado. “Elohim” e “nós” se referem a mais de duas pessoas, NÃO há dúvidas. Em português, temos apenas duas variações quanto ao número, singular e plural. Em hebraico, temos três formas: singular, dual e plural. Dual é para dois, APENAS. Em hebraico, a forma dual é usada para coisas que vêm em pares, como olhos, orelhas e mãos. A palavra “Elohim” e o pronome “nós” são formas de plural – definitivamente mais de dois, e devem estar se referindo a três ou mais (Pai, Filho, Espírito Santo).

Em Isaías 48:16 e 61:1, o Filho está falando enquanto faz referência ao Pai e ao Espírito Santo. Compare Isaías 61:1 com Lucas 4:14-19 para ver que é o Filho falando. Mateus 3:16-17 descreve o acontecimento do batismo de Jesus. Nele se vê o Deus Espírito Santo descendo sobre o Deus Filho enquanto o Deus Pai proclama Seu prazer no Filho. Mateus 28:19 e II Coríntios 13:14 são exemplos de 3 pessoas distintas na Trindade.

3) Os membros da Trindade são distintos uns dos outros em várias passagens: No Velho Testamento, “SENHOR” é diferenciado de “Senhor” (Gênesis 19:24; Oséias 1:4). O “SENHOR” tem um “Filho” (Salmos 2:7, 12; Provérbios 30:2-4). Espírito é distinto de “SENHOR” (Números 27:18) e de “Deus” (Salmos 51:10-12). Deus o Filho é diferenciado de Deus o Pai (Salmos 45:6-7; Hebreus 1:8-9). No Novo Testamento, João 14:16-17 é onde Jesus fala ao Pai sobre enviar um Ajudador, o Espírito Santo. Isto demonstra que Jesus não considerava a Si mesmo como sendo o Pai ou o Espírito Santo. Considere também todas as outras vezes, nos Evangelhos, onde Jesus fala ao Pai. Estava Ele falando consigo mesmo? Não. Ele falava com uma outra pessoa na Trindade, o Pai.

4) Cada membro da Trindade é Deus: O Pai é Deus: João 6:27; Romanos 1:7; I Pedro 1:2. O Filho é Deus: João 1:1, 14; Romanos 9:5, Colossenses 2:9; Hebreus 1:8; I João 5:20. O Espírito Santo é Deus: Atos 5:3-4; I Coríntios 3:16 (Aquele que habita é o Espírito Santo: Romanos 8:9; João 14:16-17; Atos 2:1-4).

5) A subordinação dentro da Trindade: As Escrituras mostram que o Espírito Santo é subordinado ao Pai e ao Filho, e o Filho é subordinado ao Pai. Esta é uma relação interna, e não nega a divindade de nenhuma das pessoas da Trindade. Esta é simplesmente uma área que nossas mentes finitas não conseguem compreender, em vista do Deus infinito. Em relação ao Filho, veja: Lucas 22:42; João 5:36; João 20:21; I João 4:14. Em relação ao Espírito Santo veja: João 14:16; 14:26; 15:26;16:7 e principalmente João 16:13-14.

6) As tarefas dos membros individuais da Trindade: O Pai é a fonte máxima ou causa de: 1) o universo (I Coríntios 8:6; Apocalipse 4:11); 2) revelação divina (Apocalipse 1:1); 3) salvação (João 3:16-17); e 4) as obras humanas de Jesus (João 5:17;14:10). O Pai PRINCIPIA todas estas coisas.

O Filho é o agente através do qual o Pai faz as seguintes obras: 1) A criação e manutenção do universo (I Coríntios 8:6; João 1:3; Colossenses 1:16-17); 2) divina revelação (João 1:1; Mateus 11:27; João 16:12-15; Apocalipse 1:1); e 3) salvação (II Coríntios 5:19; Mateus 1:21; João 4:42). O Pai faz todas estas coisas através do Filho, que funciona como Seu agente.

O Espírito Santo é o meio pelo qual o Pai faz as seguintes obras: 1) criação e manutenção do universo (Gênesis 1:2; Jó 26:13; Salmos 104:30); 2) divina revelação (João 16:12-15; Efésios 3:5; II Pedro 1:21); 3) salvação (João 3:6; Tito 3:5; I Pedro 1:2); e 4) feitos de Jesus (Isaías 61:1; Atos 10:38). Então faz assim o Pai todas estas coisas pelo poder do Espírito Santo.

Nenhuma das ilustrações populares são descrições completamente apuradas da Trindade. O ovo (ou maçã) falha porque a casca, a clara e a gema são partes do ovo, e não são o ovo, cada qual separadamente. O Pai, Filho e Espírito Santo não são partes de Deus, cada um Deles é Deus. A ilustração da água é de alguma forma melhor, mas ainda falha em adequadamente descrever a Trindade. Líquido, vapor e gelo são estados da água. O Pai, Filho e Espírito Santo não são formas ou estados de Deus, mas cada qual separadamente é Deus. Então, enquanto estas ilustrações podem nos dar uma idéia da Trindade, esta não se faz totalmente precisa. Um Deus infinito não poderá ser totalmente descrito por uma ilustração finita. Em vez de focalizar na Trindade, tente focalizar na grandeza de Deus e Sua natureza infinitamente maior que a nossa. “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro?” (Romanos 11:33-34).

Por que há tanta diferença entre Deus no Velho Testamento e no Novo Testamento?

Creio que no coração desta pergunta se encontra um engano fundamental a respeito das revelações feitas sobre a natureza de Deus no Velho e no Novo Testamento. Outra maneira de expressar este mesmo pensamento básico é quando as pessoas dizem: “O Deus do Velho Testamento é um Deus de ira, enquanto o Deus do Novo Testamento é um Deus de amor.” A Bíblia é a progressiva revelação de Deus a respeito de Si mesmo a nós através de eventos históricos e através de Seu relacionamento com as pessoas através da história. Este fato poderia contribuir para a interpretação errônea sobre como é Deus no velho Testamento, se comparado com o Novo Testamento. Entretanto, quando se lê tanto o Velho quanto o Novo Testamento, rapidamente se torna evidente que Deus não é diferente de um Testamento para o outro e que tanto a ira de Deus como também Seu amor são revelados nos dois Testamentos.

Por exemplo, através de todo o Velho Testamento, declara-se que Deus é “misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade” (Êxodo 34:6; Números 14:18; Deuteronômio 4:31; Neemias 9:17; Salmos 86:5; Salmos 86:15; Salmos 108:4; Salmos 145:8; Joel 2:13). No Novo Testamento, a bondade, amor e misericórdia se manifestam de maneira ainda mais abundante pelo fato de que “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Ao longo do Velho Testamento, também observamos que Deus lida com Israel de um jeito bem parecido com o que um pai amoroso lida com um filho. Quando eles deliberadamente pecaram contra Ele e começaram a adorar ídolos, Deus os disciplinou, mas mesmo assim os livrava cada uma das vezes, quando se arrependiam de sua idolatria. É desta forma que vemos Deus lidando com os cristãos no Novo Testamento. Por exemplo, Hebreus 12:6 nos diz que “porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho.”

De forma parecida, através do Velho Testamento vemos o julgamento e ira de Deus derramados sobre pecadores que não se arrependeram. Sobre a ira de Deus, vemos também no Novo Testamento: “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça” (Romanos 1:18). Mesmo em uma leitura rápida do Novo Testamento, fica logo evidente que Jesus fala mais no inferno do que no céu. Então, claramente, Deus não é diferente no Velho e no Novo Testamento. Deus, por Sua própria natureza, é imutável (Ele não muda). Mesmo que possamos ver um aspecto de Sua natureza, mais do que outros, revelado em certas passagens das Escrituras, Ele mesmo não muda.

Quando se começa a ler e estudar a Bíblia, se torna evidente que Deus não é diferente no Velho e no Novo Testamento. Apesar de ser a Bíblia um livro composto de sessenta e seis livros individuais, escritos em dois (ou possivelmente três) continentes, em três línguas diferentes, através de um período de aproximadamente 1500 anos, por mais de 40 autores (vindos de diferentes atividades e ofícios), continua a Bíblia, mesmo assim, um livro consistente em sua unidade, do começo ao fim, sem contradições. Nisto vemos quão amoroso, misericordioso e justo é Deus ao lidar com os homens pecadores, em todos os tipos de situação. Verdadeiramente, a Bíblia é a carta de amor de Deus para a humanidade. O amor de Deus por sua criação, especialmente pela humanidade, é evidente por todas as Escrituras. Por toda a Bíblia podemos ver Deus chamando a todos, com amor e misericórdia, para terem com Ele um relacionamento especial, não porque mereçam, mas porque Ele é um Deus de graça e misericórdia, tardio em irar-se e cheio de amor, bondade e verdade. Mas mesmo assim, vemos um Deus justo e santo, que é juiz de todos aqueles que desobedecem a Sua palavra e se recusam a adorá-lo, e ao invés disso, se voltam para a adoração de deuses feitos por suas próprias mãos, adorando ídolos e outros deuses ao invés de adorar o único Deus Verdadeiro (Romanos 1).

Por causa do caráter justo e santo de Deus, todos os pecados, presente, passado e futuro, devem ser julgados. Mesmo assim, em Seu infinito amor, Ele providenciou um pagamento pelo pecado e um caminho de reconciliação para que o homem pecador possa escapar de Sua ira. Vemos esta maravilhosa verdade em versos como I João 4:10: “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.” No Velho Testamento, Deus providenciou um sistema sacrificial pelo qual se fizesse expiação pelo pecado, mas este sistema sacrificial era apenas temporário e meramente enquanto se aguardava a vinda de Jesus Cristo, que morreria na cruz para fazer a expiação substituta e definitiva pelo pecado. O Salvador que fora prometido no Velho Testamento é revelado de maneira mais completa no Novo Testamento, e a máxima expressão do amor de Deus, que foi enviar Seu filho Jesus Cristo, é revelada em toda a sua glória. Tanto o Velho quanto o Novo Testamento foram dados para fazer o homem “sábio para a salvação” (II Timóteo 3:15). Quando os estudamos mais de perto, o Velho e o Novo Testamento, torna-se mais evidente que Deus não é diferente entre um e outro.

Deus é amor: o que isto significa?

Deus é amor: o que isto significa? Primeiramente vamos observar como a Palavra de Deus, a Bíblia, descreve “amor”, e então veremos algumas maneiras de como isto se aplica a Deus. “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha...” (I Coríntios 13:4-8a).

Esta é a descrição de Deus para o amor. Isto é como Ele é, e os cristãos devem fazer disto sua meta (mesmo que sempre em processo). A maior expressão do amor de Deus é a nós comunicada em João 3:16 e Romanos 5:8: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê (em Jesus Cristo) não pereça, mas tenha a vida eterna.” “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Nestes versos podemos ver que o maior desejo de Deus é que nos juntemos a Ele em Seu lar eterno, o céu. Ele tornou isto possível pagando o preço por nossos pecados. Ele nos ama por sua própria escolha, um ato de Sua própria vontade. “Está comovido em mim o meu coração, as minhas compaixões a uma se acendem” (Oséias 11:8b). O amor perdoa. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I João 1:9).

O amor (Deus) não Se impõe a ninguém. Os que vêm a Ele o fazem em resposta a Seu amor. O amor (Deus) demonstra bondade a todos. O amor (Jesus) andou espalhando o bem a todos, sem favoritismos. O amor (Jesus) não desejou o que pertencia a outros, vivendo uma vida humilde, sem reclamações. O amor (Jesus) não se vangloriou de quem Ele era em carne, mas poderia ter demonstrado força a qualquer um com quem teve contato. O amor (Deus) não impõe a obediência. Deus não exigiu a obediência de Seu Filho, mas ao invés disso, Jesus voluntariamente obedeceu a Seu Pai nos céus. “mas, assim como o Pai me ordenou, assim mesmo faço, para que o mundo saiba que eu amo o Pai.” (João 14:31). O amor (Jesus) sempre esteve e está cuidando dos interesses de outros.

Esta pequena descrição do amor revela uma vida sem interesses centrados em si mesmo, em contraste com a vida egoísta do homem natural. Surpreendentemente, através do Espírito Santo, Deus deu a capacidade de amar, como Ele ama, àqueles que recebem Seu Filho Jesus como seu Salvador pessoal de pecados (veja João 1:12; I João 3:1, 23,24). Que desafio e privilégio!

Deus ainda fala a nós hoje?

Na Bíblia há muitos registros de Deus falando audivelmente às pessoas (Êxodo 3:14; Josué 1:1; Juízes 6:18; I Samuel 3:11; II Samuel 2:1, Jó 40:1; Isaías 7:3; Jeremias 1:7; Atos 8:26; 9:15 – só como um pequeno exemplo). Não há razão bíblica para que Deus não possa ou não vá falar audivelmente com alguém nos dias de hoje. Contudo não podemos esquecer que estas centenas de registros bíblicos de Deus falando refletem ocorrências espalhadas por 4000 anos da história da humanidade. Deus falando audivelmente a alguém é exceção, não regra. E mesmo nestes exemplos bíblicos registrados, nem sempre fica claro se realmente se tratava de uma voz audível, uma voz interior ou uma impressão mental.

Deus sim fala às pessoas nos dias de hoje. Primeiramente, Deus nos fala através de Sua Palavra (II Timóteo 3:16-17). Isaías 55:11 nos diz: “Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.” A Bíblia registra as palavras de Deus a nós em tudo o que precisamos saber para que sejamos salvos e vivamos a vida cristã. II Pedro 1:3-4 diz: “Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude; pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo”.

Em segundo lugar, Deus fala través de impressões, acontecimentos e pensamentos. Deus nos ajuda a discernir o certo do errado através de nossas consciências (I Timóteo 1:5; I Pedro 3:16). Deus usa o processo de moldar nossas mentes para pensarmos Seus pensamentos (Romanos 12:2). Deus permite que aconteçam coisas em nossas vidas com o objetivo de nos direcionar, transformar e ajudar, para que cresçamos espiritualmente (Tiago 1:2-5; Hebreus 12:5-11). I Pedro 1:6-7 nos lembra que: “Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo.”

Para finalizar, Deus pode às vezes falar audivelmente às pessoas. É altamente questionável, entretanto, que isto ocorra com tanta freqüência como dizem alguns. Mais uma vez digo: mesmo na Bíblia, Deus falando audivelmente é exceção, não o comum. Se alguém diz que Deus falou com ele, sempre compare isto com o que a Bíblia diz. Se Deus fosse falar hoje, suas palavras seriam totalmente de acordo com o que Ele disse na Bíblia. Deus não se contradiz. II Timóteo 3:16-17 diz: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.”

Quem criou Deus? De onde veio Deus?

O ateísta Bertrand Russel escreveu em seu livro “Por que não sou um Cristão” que, se é verdade que todas as coisas precisam de uma causa, então Deus também precisa de uma causa. A partir daí ele concluiu que se Deus precisava de uma causa, então Deus não era Deus (e se Deus não é Deus, então, logicamente, não há Deus). Esta foi simplesmente uma forma um pouco mais sofisticada da pergunta infantil: “Quem criou Deus?” Até uma criança sabe que as coisas não surgem do nada, então se Deus é uma “coisa”, então Ele deve também deve ter uma causa, certo?

A pergunta é ardilosa porque escorrega na falsa suposição de que Deus vem de algum lugar e depois pergunta que lugar seria este. A resposta é que nem a própria pergunta tem sentido. É como se perguntássemos: “Como é o cheiro do azul?” Azul não está na categoria de coisas que têm cheiro, então a pergunta é, em si, errônea. Da mesma forma, Deus não se encontra na categoria de coisas que são criadas ou que vêm a existir, ou são causadas. Deus é “não-causado” e “não-criado”: Ele simplesmente existe.

Como sabemos disso? Bem, sabemos que do nada, nada pode surgir. Então, se alguma vez já houve um tempo em que não existia absolutamente nada, então nada jamais viria a existir. Mas as coisas existem. Por isso, uma vez que nunca pode ter havido o nada absoluto, alguma coisa deve ter sempre existido. Esta coisa que sempre existiu (Isaías 57:15) é o que chamamos Deus. Salmo 90:1-2 diz: "Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração. Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus."

O que significa ter temor a Deus?

Para o descrente, temer a Deus é temer o julgamento de Deus e a morte eterna, que é separação eterna de Deus (Lucas 12:5; Hebreus 10:31). Para o crente, temer a Deus é algo muito diferente. O temor do crente é reverência a Deus. Hebreus 12:28-29 descreve muito bem: "Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor." Essa reverência e santo temor explicam exatamente o que temer a Deus significa para os crentes. Esse é o fator que deve nos estimular a nos entregar totalmente ao Criador do Universo.

Provérbios 1:7 declara: "O temor do SENHOR é o princípio do saber...". Até compreendermos quem Deus é, e até desenvolvermos um temor reverencial a Ele, não podemos obter sabedoria verdadeira. Sabedoria verdadeira tem sua origem apenas na compreensão de quem Deus é – que Ele é Santo, justo e correto. Deuteronômio 10:12, 20-21 afirma: "Agora, pois, ó Israel, que é que o SENHOR requer de ti? Não é que temas o SENHOR, teu Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma... Ao SENHOR, teu Deus, temerás; a ele servirás, a ele te chegarás e, pelo seu nome, jurarás. Ele é o teu louvor e o teu Deus, que te fez estas grandes e temíveis coisas que os teus olhos têm visto." O temor de Deus é a base para andarmos em Seus caminhos, e para servirmos e amarmos a Ele.

Muitos têm a tendência de minimizar o temor de Deus dos crentes a apenas "respeito" por Ele. Embora respeito faça parte do conceito, temer a Deus na verdade significa mais do que isso. O bíblico temor de Deus, para o crente, inclui a compreensão do quanto Deus odeia o pecado, assim como temer Seu julgamento do pecado – mesmo na vida de um crente. Hebreus 12:5-11 descreve a disciplina de Deus na vida de um crente. Embora sua disciplina seja feita em amor (Hebreus 12:6), ainda é algo atemorizante. Quando crianças, o medo da disciplina de nossos pais preveniu, assim esperamos, algumas ações perversas. Assim também deve ser com o nosso relacionamento com Deus. Devemos temer Sua disciplina e, portanto, procurar viver nossas vidas de uma forma que O agrade.

Os crentes não devem ter "medo" de Deus. Não há nenhuma razão para que tenhamos medo dEle. Temos a Sua promessa de que nada pode nos separar do amor de Deus (Romanos 8:38-39). Temos a Sua promessa de que Ele nunca vai nos deixar ou nos abandonar (Hebreus 13:5). Temer a Deus significa ter uma reverência por Ele tão grande, que vai certamente influenciar como vivemos nossas vidas. Temer a Deus é respeitá-lO, submeter-se a Ele e louvá-lO com admiração.

Deus se arrepende?

Malaquias 3:6 declara: "Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos." Semelhantemente, Tiago 1:17 noz diz: "Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança." O significado de Números 23:19 não podia ser mais claro: "Deus não é homem, para que minta, nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? ou tendo falado, não o cumprirá?" Não, Deus não se arrepende. Esses versículos ensinam que Deus não muda, ou seja, Ele é imutável.

No entanto, ao estudar essas passagens de perto, podemos ver que não são indicações de que Deus seja capaz de se arrepender. Na linguagem original, a palavra traduzida como “arrepender” é a expressão hebraica para “entristecer”. Estar triste com alguma coisa não significa que uma mudança ocorreu, significa apenas que há tristeza por causa de algo que aconteceu.

Por que Deus estava “triste” com o que tinha planejado para o ninivitas? Porque eles tiveram uma mudança de coração e, como resultado, mudaram a forma em que estavam vivendo de desobediência à obediência. Deus é sempre consistente. Ele ia julgar Nínive por causa de sua maldade. No entanto, Nínive se arrependeu e mudou seus caminhos. Como resultado, Deus teve misericórdia com a cidade de Nínive, e isso é totalmente consistente com o Seu caráter.

No entanto, o povo de Nínive passou a obedecer, e por causa disso o Senhor escolheu não castigá-los como tinha originalmente planejado. A mudança por parte dos ninivitas obrigou a Deus a fazer o que fez? Claro que não! Deus não pode ser colocado em uma posição na qual tenha qualquer obrigação para com o homem. Deus é bom e justo, e escolheu não punir os ninivitas como resultado da mudança do coração desse povo. Qualquer coisa, o que essa passagem realmente ensina é que Deus não muda, porque se Deus não tivesse preservado os ninivitas, isso teria sido contra o Seu caráter.

As Escrituras que aparentam ensinar que Deus se “arrependeu” são tentativas humanas de explicar as ações de Deus. Deus ia fazer algo, mas ao invés, fez outra coisa. Para nós, isso pode parecer uma mudança. Entretanto, para Deus, o qual é onisciente e soberano, não é uma mudança. Deus sempre soube de antemão o que iria fazer. Deus também sabia o que precisava fazer para que a humanidade agisse do jeito que Ele queria. Deus ameaçou Nínive com destruição, sabendo que isso traria arrependimento a esse povo. Deus ameaçou Israel com destruição, sabendo que Moisés iria interceder. Deus não lamenta as Suas decisões, mas é entristecido por como a humanidade reage a elas. Deus não se arrepende, mas ao invés, age consistentemente com Sua palavra em resposta a nossas ações.

Deus ama a todos ou só aos Cristãos?

De uma certa forma, Deus ama todos do mundo inteiro (João 3:16; 1 João 2:2; Romanos 5:8). Esse amor não é condicional – é baseado apenas no fato de que Deus é um Deus de amor (1 João 4:8,16). O amor de Deus por toda a humanidade resulta no fato de que Deus demonstra a Sua misericórdia por não punir as pessoas por seus pecados imediatamente (Romanos 3:23; 6:23). Se Deus não amasse todos, estaríamos no inferno agora mesmo. O amor de Deus pelo mundo é manifestado em que Ele dá às pessoas a oportunidade de arrependimento (2 Pedro 3:9). No entanto, o amor de Deus pelo mundo não significa que Ele vai ignorar o pecado. Deus também é um Deus de justiça (2 Tessalonicenses 1:6). O pecado não pode deixar de ser punido eternamente (Romanos 3:25-26).

O ato mais amoroso da eternidade é descrito em Romanos 5:8: "Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores." Aquele que ignora o amor de Deus, que rejeita Cristo como Salvador e que nega o Salvador que o comprou (2 Pedro 2:1) vai estar sujeito à ira de Deus por toda a eternidade (Romanos 1:18), não ao Seu amor (Romanos 6:23). Deus ama todos incondicionalmente, pois Ele demonstra-lhes misericórdia por não destruí-los imediatamente por causa do seu pecado. Ao mesmo tempo, Deus tem um “amor de aliança” pelos que colocam a sua fé em Jesus Cristo para obter a salvação (João 3:36). Apenas aqueles que acreditam em Jesus Cristo como Senhor e Salvador experimentarão do amor de Deus por toda a eternidade.

Deus ama todos? Sim. Deus ama os Cristãos mais do que os descrentes? Não. Deus ama os crentes de uma forma diferente dos descrentes? Sim. Deus ama todos igualmente por ser misericordioso com todo mundo. Deus ama apenas os Cristãos no sentido de que apenas os Cristãos têm a Sua graça e misericórdia eternas, assim como a promessa do Seu amor eterno no Céu. O amor incondicional que Deus tem por cada um deve levar-nos à fé nEle, recebendo com gratidão o grande amor condicional concedido aos que receberem Jesus Cristo como Salvador.

Deus é masculino ou feminino?

Ao examinar as Escrituras, dois fatos ficam bem claros: primeiro, Deus é Espírito e não possui características humanas ou limitações; segundo, todas as evidências encontradas nas Escrituras concordam com o fato de que Deus Se revelou à humanidade na forma masculina. Antes de tudo, a verdadeira natureza de Deus precisa ser entendida. Deus é uma pessoa, obviamente, porque Deus demonstra todas as características de uma pessoa: Deus tem uma mente, vontade, intelecto e emoções. Deus se comunica, tem relacionamentos, e as ações pessoais de Deus são evidenciadas por toda a Bíblia.

Como João 4:24 diz: “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” Já que Deus é um ser espiritual, Deus não possui características humanas físicas. No entanto, às vezes a linguagem figurativa é usada nas Escrituras para descrever Deus com características humanas – isso é chamado “antropomorfismo”. Antropomorfismo é apenas uma forma que Deus (um ser espiritual) usa para comunicar certas verdades sobre Sua natureza à humanidade, seres físicos. Já que o homem é um ser físico, o homem é limitado na sua capacidade de compreender as coisas que vão além do reino físico, e antropomorfismo na Bíblia ajuda o homem a entender quem Deus é.

Parte da dificuldade vem ao se examinar o fato de que o homem é criado à imagem de Deus. Gênesis 1:26-27 diz: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.”

O que isso significa é que tanto o homem quanto a mulher foram criados à imagem de Deus, pois eles são mais magnificentes do que o resto da criação; eles, como Deus, têm uma mente, vontade, intelecto, emoções e capacidade moral. Animais não possuem essa capacidade moral e também não possuem um componente imaterial como o resto da humanidade possui. Gênesis nos diz que quando o homem foi criado por Deus, Deus o criou à Sua imagem. A imagem de Deus é o fator espiritual que apenas o homem possui. Deus criou o homem para ter um relacionamento com Deus; o homem é a única parte da criação projetada para esse propósito.

Tendo dito isso, o homem e a mulher são os únicos projetados à imagem de Deus – eles não são “cópias exatas” de Deus, e o fato de que há homens e mulheres não indica que Deus tenha características masculinas e femininas. Lembre-se: ser criado à imagem de Deus não tem nada a ver com características físicas.

Sabemos que Deus é um ser espiritual e não possui características físicas. No entanto, isso não limita como Deus pode escolher Se revelar para a humanidade. As Sagradas Escrituras contêm toda a revelação que Deus deu ao homem sobre Si mesmo, e por isso devem ser a única fonte objetiva de informação sobre Deus. Ao olhar o que a Bíblia nos diz, há várias observações das evidências sobre a forma na qual Deus Se revela à humanidade:

Para começar, as Escrituras contêm quase 170 referências a Deus como “Pai”. Isso implica que uma pessoa não pode ser um pai a menos que seja masculino. Se o objetivo de Deus tivesse sido o de Se revelar ao homem na forma feminina, então a palavra “mãe” teria sido usada nessas passagens, não “pai”. Tanto no Velho como no Novo Testamento, pronomes masculinos são usados frequentemente em referência a Deus.

Jesus Cristo se referiu a Deus como Pai várias vezes, e em outros casos usou pronomes masculinos em referência a Deus. Só nos Evangelhos, por exemplo, Cristo usa o termo “Pai” em direta referência a Deus quase 160 vezes. De interesse particular é o que Cristo anunciou em João 10:30. Ele diz aqui: “Eu e o Pai somos um”. Certamente, Jesus Cristo veio à terra na forma de um homem humano para morrer na cruz como pagamento pelos pecados do mundo e, como Deus Pai, foi revelado à humanidade na forma masculina. As Escrituras registram vários outros exemplos onde Cristo utilizou substantivos e pronomes masculinos em referência a Deus.

As Epístolas do Novo Testamento (de Atos a Apocalipse) também contêm quase 900 versos onde a palavra “theos” – um substantivo masculino no grego – é usada em direta referência a Deus. Na maioria dos casos, essa palavra é traduzida como “Deus” nas versões em inglês.

Nas inúmeras referências a Deus na Bíblia, há um padrão claro e consistente de passagens sobre Deus com títulos, substantivos e pronomes masculinos. Embora Deus não seja homem, mas sim Espírito, Ele escolheu a forma masculina para Se revelar à humanidade. Do mesmo modo, Jesus Cristo, a quem a Bíblia também se refere com títulos, substantivos e pronomes masculinos, andou na terra de forma masculina. Os profetas do Velho Testamento e os Apóstolos do Novo Testamento referem-se a Deus e a Jesus Cristo com nomes e títulos masculinos. Deus escolheu Se revelar nessa forma para que o homem pudesse mais facilmente entender quem Deus realmente é. Fazer a afirmação de que Deus escolheu a forma feminina para se revelar ao homem não é consistente com o padrão estabelecido pela Bíblia. Novamente, se Deus tivesse escolhido a forma feminina, acharíamos mais evidência para tal nas Escrituras. Essa evidência simplesmente não existe. Embora Deus leve certas coisas em consideração para ajudar a humanidade a melhor entendê-lO, é importante não tentar “forçar e colocar Deus numa caixa”, por assim dizer, ao impor-Lhe limitações que não são apropriadas à Sua verdadeira natureza.

Deus ainda executa milagres? Por que Deus não executa mais milagres como nos tempos da Bíblia?

Quando Deus executou milagres poderosos e impressionantes para os Israelitas, será que foi suficiente para eles O obedecerem? Não, os Israelitas constantemente desobedeceram e se rebelaram contra Deus, apesar de todos os milagres que tinham visto. O mesmo povo que viu Deus partir o Mar Vermelho veio a duvidar da capacidade de Deus de conquistar os habitantes da Terra Prometida. Leia a parábola em Lucas 16:19-31. Nessa passagem, o homem no inferno pede a Abraão para mandar Lázaro dentre os mortos para admoestar os seus cinco irmãos. Abraão disse ao homem: "Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos" (Lucas 16:31).

Jesus executou inúmeros milagres, mesmo assim a grande maioria das pessoas não acreditaram nEle. Se Deus fizesse milagres hoje como fez no passado, o mesmo resultado aconteceria. As pessoas estariam impressionadas e acreditariam em Deus por um curto período de tempo. Aquela fé seria superficial e desapareceria no instante em que alguma coisa inesperada ou assustadora acontecesse. Uma fé baseada em milagres não é uma fé madura. Deus fez o maior milagre de todos os tempos quando veio ao mundo como o Homem Jesus Cristo, para morrer por nossos pecados (Romanos 5:8) e para que assim pudéssemos ser salvos (João 3:16). Deus ainda executa milagres – muitos dos quais passam por despercebidos ou são negados. No entanto, não precisamos de mais milagres. O que precisamos é acreditar no milagre da salvação através de fé em Jesus Cristo.

Um outro ponto importante para entendermos é o fato de que o propósito de milagres foi para autenticar aquele que estavam fazendo o milagre. Atos 2:22 declara: "Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis." O mesmo é dito dos apóstolos: "Pois as credenciais do apostolado foram apresentadas no meio de vós, com toda a persistência, por sinais, prodígios e poderes miraculosos" (2 Coríntios 12:12). Ao falar do Evangelho, Hebreus 2:4 proclama: "dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade". Agora temos a verdade de Jesus gravada nas Sagradas Escrituras. Agora temos os escritos dos Apóstolos gravados na Bíblia. Jesus e Seus apóstolos, como dizem as Escrituras, são a pedra angular e a fundação da nossa fé (Efésios 2:20). Nesse sentido, milagres não são mais necessários, já que a mensagem de Jesus e Seus apóstolos já foi confirmada e perfeitamente gravada nas Escrituras. Sim, Deus ainda executa milagres. Ao mesmo tempo, não devemos esperar que milagres aconteçam hoje da mesma forma que aconteceram nos tempos Bíblicos.

Por que Deus permite desastres naturais, tais como terremotos, ciclones e tsunamis?

Por que Deus permite terremotos, tornados, ciclones, tsunamis, furacões, deslizamentos e outros desastres naturais? O tsunami no final de 2004 foi uma tragédia na Ásia, o furacão Katrina em 2005 na região sudeste dos EUA e os deslizamentos de 2006 nas Filipinas fizeram com que muitas pessoas questionassem a bondade de Deus. É agoniante quando pessoas se referem a desastres naturais como "atos de Deus" quando nenhum "crédito" é dado a Deus por anos, décadas e até mesmo séculos de clima pacífico. Deus criou o universo e as leis da natureza (Gênesis 1:1). A maioria dos desastres naturais são o resultado dessas leis funcionando. Ciclones, furacões e tornados são resultados de leis do estado atmosférico que são divergentes e colidem. Terremotos são o resultado da estrutura da base da terra se deslocando. Um tsunami é causado por um terremoto debaixo d’água.

A Bíblia proclama que tudo subsiste em Jesus Cristo (Colossenses 1:16-17). Deus pode prevenir desastres naturais? Com certeza! Deus às vezes influencia o clima? Sim, veja Deuteronômio 11:17 e Tiago 5:17. Será que Deus às vezes causa desastres naturais como julgamento contra o pecado? Sim, veja Números 16:30-34. O livro de Apocalipse descreve muitos eventos que com certeza poderiam ser descritos como desastres naturais (Apocalipse capítulos 6,8 e 16). Será que todo desastre natural é uma punição de Deus? Absolutamente não!

Da mesma forma que Deus permite que pessoas más cometam atos de maldade, Deus permite que a terra demonstre as consequências do pecado sobre a Criação. Romanos 8:19-21 diz: “A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.” A Queda da humanidade em pecado afetou tudo, incluindo o universo onde habitamos. Tudo na criação está sujeito à “vaidade” e “corrupção”. O pecado é a causa principal para os desastres naturais, da mesma forma que é a causa principal para a morte, doenças e sofrimento.

Podemos entender por que as catástrofes naturais ocorrem. O que não entendemos é por que Deus permite que ocorram. Por que Deus permitiu que o tsunami matasse mais de 225.000 pessoas na Ásia? Por que Deus permitiu que o furacão Katrina destruísse as casas de centenas de milhares de pessoas? Por um lado, esses eventos abalam a nossa confiança na vida e nos obrigam a pensar sobre a eternidade. As igrejas são normalmente preenchidas depois de desastres quando as pessoas percebem quão frágeis suas vidas realmente são e como a vida pode ser tirada em um instante. O que podemos saber é que... Deus é bom! Há tantos milagres surpreendentes que acontecem ao mesmo tempo dos desastres naturais – prevenindo uma quantidade ainda maior de mortes. Desastres naturais causam milhares de pessoas a reavaliarem as suas prioridades na vida. Centenas de milhões de dólares em ajuda são enviados para as pessoas que estão sofrendo. Os ministérios Cristãos têm a oportunidade de ajudar, ministrar, aconselhar, orar – e levar pessoas a terem fé em Cristo! Deus pode trazer – e assim o faz – coisas boas dessas terríveis tragédias (Romanos 8:28).

São Deus e a Bíblia sexistas?

Sexismo é quando um gênero, geralmente o masculino, tem domínio sobre o outro gênero, geralmente o feminino. A Bíblia contém muitas referências a mulheres que, na mente moderna, podem parecer discriminatórias contra as mulheres. Será que isso significa que Deus, e consequentemente a Bíblia, é sexista? Precisamos lembrar que quando a Bíblia descreve uma ação não significa necessariamente que esteja apoiando essa mesma ação. A Bíblia descreve homens tratando mulheres como propriedade, mas isso não significa que a Bíblia esteja indicando aprovação dessa ação. Mesmo nos exemplos quando a Bíblia está dando um comando em relação ao tratamento das mulheres, não é necessariamente uma indicação do padrão ideal de Deus. A Bíblia se focaliza muito mais em transformar almas do que com a nossa sociedade. Deus sabe que um coração transformado resulta em comportamento transformado.

Durante o Velho Testamento, o mundo inteiro tinha uma sociedade patriarcal. Esse fato durante a história é muito claro – não só nas Escrituras, mas também nas regras sociais que governavam a maioria das sociedades no mundo. De acordo com o sistema de valores moderno e com o ponto de vista humano secular, isso é chamado "sexista". Deus, e não o homem, foi quem ordenou a ordem na sociedade e Ele é o autor da instituição dos princípios de autoridade. No entanto, como tudo mais, o homem pecador tem corrompido essa ordem. Isso tem resultado na desigualdade de comportamento dos homens sobre as mulheres durante toda a história. A exclusão e a discriminação que achamos no nosso mundo não são novas. É o resultado da Queda do homem e da entrada do pecado na humanidade. Portanto, podemos dizer com certeza que o termo e a prática de “sexismo” são resultado – e um produto – do pecado. A revelação progressiva da Bíblia nos leva à cura do sexismo, assim como à cura de todas as práticas pecaminosas da raça humana.

Para achar e manter um equilíbrio espiritual entre as posições de autoridade dadas por Deus, precisamos estudar as Escrituras. O Novo Testamento é o cumprimento do Velho, e nele achamos os princípios que nos mostram a linha de autoridade correta e a cura para o pecado, o mal de toda a humanidade, e isso inclui discriminação por causa de gênero.

A cruz de Cristo é o melhor equilibrador que já existiu. João 3:16 diz: "todo o que nele" e esse é um relato que inclui a todos, não deixando ninguém de fora por causa de sua posição na sociedade, de sua capacidade mental ou gênero. Também achamos uma passagem no livro de Gálatas que garante oportunidade igual para salvação tanto do homem como da mulher. "Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gálatas 3:26-28). Não há sexismo na cruz.

A Bíblia não é sexista. Por quê? Porque retrata os resultados do pecado com exatidão. A Bíblia recorda todos os tipos de pecado: escravidão e cativeiro e as falhas de seus maiores heróis. Ao mesmo tempo, a Bíblia nos dá a resposta e a cura para esses pecados contra Deus e a ordem que Ele estabeleceu. Qual a resposta? Um relacionamento com Deus. O Velho Testamento aguardava ansiosamente o sacrifício supremo e cada sacrifício feito por causa do pecado mostrava a necessidade de reconciliação com Deus. No Novo Testamento, o "Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" nasceu, morreu, foi enterrado, ressuscitou e depois subiu ao Céu, e lá intercede por nós. É através de fé nEle que a cura para o pecado é encontrada, incluindo o pecado de sexismo.

A acusação de sexismo na Bíblia é baseada na falta de entendimento das Sagradas Escrituras. Quando homens e mulheres de todas as idades aceitaram os papéis que Deus designou e viveram suas vidas de acordo com "Assim diz o SENHOR", havia um maravilhoso equilíbrio entre os gêneros. Foi com esse equilíbrio que Deus começou, e é com esse equilíbrio que Ele vai terminar. Muitas pessoas prestam atenção de forma exagerada aos vários produtos do pecado e não à raiz de onde o pecado se origina. Apenas quando há uma reconciliação pessoal com Deus através do SENHOR Jesus Cristo é que achamos verdadeira igualdade. "e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8:32).

Também é muito importante entender que não é sexismo quando a Bíblia descreve os diferentes papéis dos homens e das mulheres. A Bíblia deixa bastante claro que Ele espera que os homens assumam o cargo de liderança na igreja e no lar. Isso faz da mulher inferior? Claro que não! Isso significa que as mulheres são menos inteligentes, menos capazes ou inferiores aos olhos de Deus? Claro que não! O que significa é que no nosso mundo manchado pelo pecado, precisa haver estrutura e autoridade. Deus instituiu o cargo de autoridade para o nosso bem. Sexismo é o abuso desse cargo.... não a existência do mesmo.

Deus escuta/responde às orações de um pecador/descrente?

João 9:31 declara: "Sabemos que Deus não atende a pecadores; mas, pelo contrário, se alguém teme a Deus e pratica a sua vontade, a este atende." Também tem sido dito que "a única oração que Deus escuta de um pecador é a oração para salvação". Como resultado dessa passagem, alguns acreditam que Deus não escuta e/ou nunca vai responder às orações de um descrente. No entanto, no contexto, esse verso está dizendo que Deus não executa milagres através de um descrente. As passagens a seguir descrevem Deus escutando e respondendo às orações de um descrente. 1 João 5:14-15 nos diz que Deus responde a orações quando forem feitas de acordo com a Sua vontade. Esse princípio talvez se aplique a descrentes. Se um descrente fizer uma oração de acordo com a vontade Deus, nada impede que Deus responda a tal oração – de acordo com a Sua vontade.

Ao examinar as passagens a seguir, podemos ver que na maioria dos casos oração estava envolvida. Em um ou dois casos, Deus respondeu ao clamor do coração (não é claro se esse clamor foi direcionado a Deus). Em outros casos, a oração aparentava ser relacionada a arrependimento. Já em outros casos, a oração era simplesmente por uma necessidade ou benção terrena; e Deus respondeu ou por compaixão, ou em resposta à procura genuína ou fé da pessoa. Aqui são algumas passagens que lidam com a oração de um descrente:

O povo de Nínive orou para que fosse poupada (Jonas 3:5-10). Deus respondeu a esta oração e não destruiu a cidade de Nínive como tinha ameaçado.

Agar pediu a Deus que protegesse o seu filho Ismael (Gênesis 21:14-19). Deus não apenas protegeu Ismael, mas o abençoou muito.

Em 1 Reis 21:17-29, especialmente os versículos 27-29, Acabe jejua e lamenta pela profecia de Elias sobre a sua posteridade. Deus responde por não ter trazido a calamidade durante o tempo de Acabe.

A mulher gentia da região de Tiro e Sidom orou para que Jesus livrasse a sua filha de um demônio (Marcos 7:24-30). Jesus de fato expulsou o demônio dela.

O Apóstolo Pedro foi enviado em resposta a Cornélio, o centurião romano em Atos 10, ser um homem justo. Atos 10:2 diz-nos que Cornélio "orava continuamente a Deus".

Deus faz promessas que são aplicáveis a todos (crentes e descrentes), como Jeremias 29:13: "Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração." Esse foi o caso de Cornélio em Atos 10:1-6. No entanto, há várias promessas que, de acordo com o contexto, são apenas para os crentes. Porque os Cristãos têm recebido a Cristo, somos encorajados a nos achegar confiadamente junto ao trono da graça, a fim de recebermos graça para socorro em ocasião oportuna (Hebreus 4:14-16). A Bíblia nos diz que quando pedimos a Deus por qualquer coisa de acordo com a Sua vontade, Ele nos escuta e nos dá o que pedimos (1 João 5:14-15). Há várias outras promessas para os crentes em relação à oração também (Mateus 21:22; João 14:13; João 15:7). Então, sim, há casos quando Deus não responde às orações de um descrente. Ao mesmo tempo, por Sua graça e misericórdia, Deus pode intervir nas vidas dos descrentes em resposta a suas orações.

Por que Deus é um Deus zeloso?

É importante entender como a palavra "zeloso" é usada. O seu uso em Êxodo 20:5 para descrever Deus é diferente de como é usada para descrever o pecado de ciúmes (Gálatas 5:20). Quando usamos a palavra "zeloso", estamos nos referindo ao sentido de ter inveja de alguém por possuir algo que não possuímos. Uma pessoa pode estar com inveja ou ciúmes de outra pessoa por ter um melhor carro ou casa (coisas materiais). Ou uma pessoa pode estar com ciúmes ou inveja de outra pessoa por causa de alguma habilidade ou talento que a outra pessoa tenha (tal como habilidade atlética). Um outro exemplo seria ter ciúmes ou inveja de outra pessoa por causa de sua beleza.

Êxodo 20:5 não se trata de Deus tendo ciúmes ou inveja porque alguém tem algo que Ele quer ou de que precisa. Êxodo 20:4-5 diz: "Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso..." Note que Deus é zeloso quando alguém dá a outra pessoa algo que pertence apenas a Ele.

Nesses versículos, Deus está falando de pessoas fazendo imagens/esculturas e adorando esses ídolos ao invés de darem a Deus o louvor que pertence somente a Ele. Deus é muito possessivo do louvor e culto que pertencem somente a Ele. É um pecado (como Deus afirma nesse mandamento) louvar e servir a qualquer outra coisa que não seja só a Ele. É um pecado quando desejamos, somos invejosos ou estamos com ciúmes de alguém por ter algo que não temos. É um uso diferente da palavra "zeloso" quando Deus diz que Ele é zeloso. Aquilo de que Ele tem ciúmes pertence a Ele; adoração e serviço pertencem somente a Ele e devem ser prestados apenas a Ele.

Talvez um exemplo prático nos ajudaria a entender a diferença. Se um marido visse um outro homem paquerando a sua mulher, ele estaria certo em ter ciúmes por ser o único que tem o direito de paquerá-la. Esse tipo de ciúme não é pecado. Pelo contrário, é completamente apropriado. Ser zeloso/ciumento de algo que lhe pertence é bom e apropriado. O ciúme é pecado quando desejamos algo que não pertence a nós. Culto, louvor, honra e adoração pertencem somente a Deus, pois só Ele é realmente digno. Portanto, Deus tem razão em ter ciúmes quando nosso culto, louvor, honra e adoração são dados a ídolos. Esse é o tipo de ciúme que o Apóstolo Paulo descreveu em 2 Coríntios 11:2: "O zelo que tenho por vocês é um zelo que vem de Deus..."

O monoteísmo pode ser provado?

A palavra “monoteísmo” vem de duas palavras: “mono” (um) e “theism” (crença em Deus). Especificamente, é a crença que apenas um só Deus é o criador, sustentador e juiz de toda a criação. O monoteísmo difere do henoteísmo, o qual é a crença em vários deuses com um Deus supremo acima deles. Também se opõe ao politeísmo, o qual é a crença na existência de mais de um deus.

Há vários argumentos para o monoteísmo, incluindo a revelação especial (Sagradas Escrituras), a revelação natural (filosofia) e a antropologia histórica. Esses tipos de revelação serão explicados brevemente na lista abaixo, mas essa lista não deve ser considerada completa de forma alguma.

Argumentos Bíblicos para o Monoteísmo - Deuteronômio 4:35: "A ti te foi mostrado para que soubesses que o SENHOR é Deus; nenhum outro há senão ele." Deuteronômio 6:4: "Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR." Malaquias 2:10 a: "Não temos nós todos um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus?" 1 Coríntios 8:6: "Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele." Efésios 4:6: "Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós." 1 Timóteo 2:5: "Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem." Tiago 2:19: "Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o creem, e estremecem."

Obviamente, para muitas pessoas, não seria suficiente afirmar que exista apenas um Deus porque é o que a Bíblia ensina. Isso se dá ao fato de que sem Deus não há como provar que a Bíblia seja a Sua Palavra! No entanto, alguém pode argumentar que, já que a Bíblia tem a mais confiável evidência supernatural que confirma o que ensina, o monoteísmo pode ser provado baseado neste fato. As crenças e ensinamentos de Jesus Cristo seriam um argumento parecido, pois Jesus provou ser Deus (ou pelo menos aprovado por Deus) através do Seu nascimento e vida milagrosos, assim como através do milagre da Sua ressurreição. Deus não pode mentir ou estar enganado; portanto, aquilo em que Jesus acreditava e o que Ele ensinava era verdade. Sendo assim, podemos concluir que o monoteísmo, o qual era uma doutrina ensinada por Jesus, seja verdade. Esse argumento talvez não seja muito impressionante às pessoas que não têm conhecimento das confirmações supernaturais da Escritura e Cristo, mas pode ser um bom começo aos que conhecem a sua veracidade.

Argumentos Históricos para o Monoteísmo - Os argumentos baseados na popularidade são notoriamente suspeitos, mas é interessante observar como o monoteísmo tem afetado outras religiões mundiais. A teoria popular evolutiva do desenvolvimento religioso é um resultado da opinião evolutiva da realidade em geral e da pressuposição antropológica evolucionária que enxerga culturas “primitivas” como representantes de estágios anteriores de desenvolvimento religioso. Entretanto, os problemas com essa teoria evolucionária são vários: (1) O tipo de desenvolvimento que supostamente descreve nunca foi observado – na verdade, não aparenta existir em nenhuma cultura qualquer tipo de desenvolvimento ascendente ao monoteísmo – o contrário é o que aparenta ser o caso. (2) A definição do método antropológico de “primitivo” se iguala ao desenvolvimento tecnológico, e isso dificilmente seria um critério satisfatório, já que há tantos componentes em qualquer determinada cultura. (3) Os supostos estágios estão faltando com frequência ou são completamente ignorados. (4) Finalmente, a maioria das culturas politeístas mostram vestígios de monoteísmo nos primeiros estágios do seu desenvolvimento.

O que encontramos é um Deus monoteísta pessoal e masculino que mora no céu, tem grande poder e conhecimento, criou o mundo, é o autor da moralidade à qual prestaremos contas; vemos também que temos na verdade desobedecido a Ele e que somos, como resultado, dEle alienados, mas também recebedores de uma uma forma de reconciliação. Quase toda religião apresenta uma certa variação desse Deus em algum ponto do seu passado antes de se desenvolver no grande caos do politeísmo. Portanto, parece ser o caso que a maioria das religiões começou com monoteísmo e se “desenvolveu” até o politeísmo, animismo e mágica – não o contrário (O Islamismo é um caso muito raro, havendo regressado ao ponto de partida de uma crença monoteísta). Até com esse movimento, o politeísmo é muitas vezes funcionalmente monoteísta ou henoteísta. É raro encontrar uma religião politeísta que não tenha um de seus deuses exercendo soberania sobre todos os outros, com os deuses inferiores apenas agindo como intermediários.

Argumentos Filosóficos e Teológicos para o Monoteísmo – Há vários argumentos filosóficos para a impossibilidade da existência de mais de um Deus. Muitos desses argumentos dependem bastante da posição metafísica de alguém em relação à natureza da realidade. Infelizmente, em um artigo tão curto como este, seria impossível defender essas posições metafísicas básicas para então mostrar o que elas ensinam em relação ao monoteísmo, mas fique certo de que há fortes bases teológicas e filosóficas para essas verdades que datam de milênios atrás (e a maioria é bem evidente). Em resumo, então, temos três argumentos que alguém pode escolher investigar (listados em certa ordem de dificuldade):

1. Se mais de um Deus existisse, então o universo estaria em total desordem por causa de múltiplos criadores e autoridades, mas não está em desordem; portanto, há apenas um Deus.

2. Já que Deus é um ser completamente perfeito, então não pode existir um segundo Deus, pois eles teriam que ser diferentes de alguma forma, e ser diferente de perfeição completa é ser menos que perfeito e não Deus.

3. Já que Deus é infinito em Sua existência, então Ele não pode ter partes (pois partes não podem ser adicionadas para alcançar o infinito). Se a existência de Deus não for apenas uma parte dEle (com é o caso de todas as coisas, quer existam ou não), então Ele tem que ter uma existência infinita. Portanto, não pode haver dois seres infinitos, pois um teria que ser diferente do outro, e ser diferente da existência infinita é não existir de forma alguma.

Alguém pode querer argumentar que muitos desses argumentos não excluiriam uma sub-classe de “deuses”, e isso é aceitável. Apesar de sabermos que isso não é verdade biblicamente falando, não há nada de errado com esse pensamento em teoria. Em outras palavras, Deus poderia ter criado uma sub-classe de “deuses”, mas a verdade é que Ele não fez assim. Se tivesse, esses “deuses” seriam seres criados e com limites, provavelmente como os anjos (veja Salmo 82). Isso não é um argumento contra o monoteísmo - o qual não defende que não possa haver outros seres espirituais – apenas que não pode existir mais de um Deus.

É errado questionar a Deus?

O problema aqui não é se devemos questionar a Deus ou não, mas sim como – e por qual razão – nós O questionamos. Questionar a Deus não é errado em si mesmo. O profeta Habacuque fez perguntas a Deus sobre o momento e a ação do Seu plano. Habacuque, ao invés de ser repreendido por suas perguntas, recebeu respostas de um Senhor paciente e o profeta termina o seu livro com uma canção de louvor a Deus. Muitas perguntas são feitas a Deus na forma de Salmos (Salmos 10, 44, 74, 77). Esses são o clamor dos perseguidos, os que estão desesperados pela intervenção e salvação divinas. Embora Deus nem sempre responda às nossas orações do jeito que queremos, podemos concluir dessas passagens que uma pergunta sincera de um coração sério e cuidadoso é bem-vinda diante de Deus.

Perguntas não sinceras, ou perguntas feitas de um coração hipócrita, já são um outro assunto. “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11:6). Depois do Rei Saul desobedecer a Deus, suas perguntas ficaram sem respostas (1 Samuel 28:6). É completamente diferente desejar saber por que Deus permitiu um certo evento e duvidar da bondade de Deus. Ter perguntas é diferente de questionar a soberania de Deus e atacar o Seu caráter. Em resumo, uma pergunta honesta não é pecado, mas um coração amargo, desconfiado e rebelde sim. Deus não se intimida com nossas perguntas. Deus nos convida a participar de comunhão íntima com Ele. Quando "questionamos a Deus", devemos fazê-lo com um espírito humilde e mente aberta. Podemos questionar a Deus, mas não devemos esperar uma resposta a menos que estejamos realmente interessados em Sua resposta. Deus conhece nossos corações e sabe se estamos genuinamente buscando dEle algum esclarecimento ou não. A atitude do nosso coração é o que determina se é certo ou errado questionar a Deus.

Alguém já viu a Deus?

A Bíblia nos diz que ninguém jamais viu a Deus (João 1:18), exceto o Senhor Jesus Cristo. Em Êxodo 33:20, Deus declara: "Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá." Essas passagens aparentam contradizer outras passagens que descrevem várias pessoas "vendo" a Deus. Por exemplo, Êxodo 33:19-23 descreve Moisés falando com Deus "face a face". Como Moisés pôde falar com Deus "face a face" se ninguém pode ver a face de Deus e viver? Nesse exemplo, a frase "face a face" é uma figura de linguagem que indica que eles tiveram comunhão bem próxima. Deus e Moisés estavam falando um com o outro como se fossem dois seres humanos tendo uma conversa íntima.

Em Gênesis 32:30, Jacó viu a Deus aparecendo como um anjo – Ele não viu a Deus realmente. Os pais de Sansão ficaram atemorizados quando perceberam que tinham visto a Deus (Juízes 13:22), mas na verdade O tinham visto apenas como um anjo. Jesus era Deus em carne (João 1:1,14); quando as pessoas O viram, estavam vendo a Deus. Então, sim, Deus pode ser "visto" e muitas pessoas têm "visto" a Deus. Ao mesmo tempo, ninguém tem visto a Deus revelado em toda a Sua glória. Na nossa condição humana de pecado, se Deus fosse totalmente se revelar para nós, seríamos consumidos. Portanto, Deus se transforma e aparece em formas nas quais possamos "vê-lo". No entanto, isso é diferente de ver a Deus com toda a Sua glória e santidade exibidas. Pessoas têm visto visões de Deus, imagens de Deus e aparecimentos de Deus – mas ninguém tem visto a Deus em toda a sua plenitude (Êxodo 33:20).

Por que Deus permite o mal?

A Bíblia descreve Deus como sendo santo (Isaías 6:3), justo (Salmo 7:11), reto (Deuteronômio 32:4) e soberano (Daniel 4:17-25). Esses atributos nos dizem o seguinte sobre Deus: (1) Deus é capaz de prevenir o mal, e (2) Deus deseja eliminar o mal do universo. Assim, se ambos são verdadeiros, por que Deus permite o mal? Se Deus tem o poder de prevenir o mal, e deseja fazê-lo, por que não o faz? Talvez uma boa maneira de encarar esse dilema seria considerar algumas situações alternativas de como as pessoas gostariam que Deus dirigisse o mundo:

1) Deus poderia mudar a personalidade de todas as pessoas para que não pudessem pecar. Isto também significaria que não teríamos o livre arbítrio. Não seríamos capazes de escolher entre o certo e o errado porque seríamos "programados" para apenas agir corretamente. Se Deus tivesse escolhido fazer isso, não haveria relações significativas entre Ele e a Sua criação.

Em vez disso, Deus fez Adão e Eva inocentes mas com a capacidade de escolher o bem ou o mal. Sendo assim, eles poderiam responder ao Seu amor e confiar nEle ou escolher a sua própria vontade. De fato, escolheram satisfazer a sua própria vontade. Porque vivemos em um mundo real onde podemos escolher as nossas ações mas não as suas consequências, o seu pecado afetou aqueles que vieram depois deles (nós). Da mesma forma, as nossas escolhas de pecar têm um impacto sobre nós e sobre aqueles que nos rodeiam.

2) Como uma outra opção, Deus compensaria pelas ações perversas através de uma intervenção sobrenatural 100% do tempo. Por exemplo, se um motorista embriagado provocasse um acidente automobilístico, Deus teria que proteger o motorista e as pessoas no outro carro de qualquer dano, pois haveria muitas pessoas que possivelmente sofreriam pelo acidente ou pela morte/ ferimentos dos envolvidos no acidente. Deus teria que proteger o motorista bêbado de bater nos postes de alta tensão, prédios, etc., porque essas coisas fariam com que pessoas inocentes sofressem.

Um outro exemplo pode envolver uma pessoa preguiçosa fazendo o encanamento de uma casa, e ele não se preocupa em verificar se há vazamentos antes da casa ser terminada. Deus teria que fazer que o encanamento não vazasse porque senão os compradores da casa teriam que sofrer por causa do pecado da pessoa preguiçosa.

Se um pai se viciasse em drogas e gastasse todo o seu dinheiro nesse vício, Deus de alguma forma teria tanto que milagrosamente proporcionar a comida quanto cuidar das necessidades sociais das crianças para que não tivessem que ser adversamente afetadas pelo mal do pai.

Em um mundo assim, Deus seria como um mau pai que permite um comportamento destrutivo de um filho desobediente. Não haveria consequências por suas ações e, como resultado, ninguém aprenderia integridade, pureza, honra, responsabilidade ou auto-controle. Não haveria "consequências boas" pelo comportamento correto, nem "consequências más" pelo comportamento errado. O que as pessoas se tornariam além de mais rebeldes e pecadoras?

3) Uma outra opção seria que Deus julgasse e removesse aqueles que escolhem cometer atos maus. O problema com esta possibilidade é que não sobraria mais ninguém, pois Deus teria que remover todos nós. Todos pecamos e cometemos atos maus (Romanos 3:23; Eclesiastes 7:20, 1 João 1:8). Embora algumas pessoas sejam mais perversas do que outras, onde Deus traçaria a linha? Em última análise, todas as perversidades causam danos a outras pessoas.

Em vez dessas ou outras opções, Deus escolheu criar um mundo "real" no qual as escolhas reais têm consequências reais. Neste nosso mundo real, as nossas ações afetam outras pessoas. Porque Adão escolheu pecar, o mundo hoje vive sob uma maldição e todos nascemos com uma natureza pecaminosa (Romanos 5:12). Haverá um dia quando Deus julgará o pecado no mundo e renovará todas as coisas, mas Ele está propositalmente "atrasando" a fim de permitir mais tempo para que as pessoas se arrependam e não precisem mais ser julgadas por Ele (2 Pedro 3:9). Até então, Ele SE PREOCUPA com o mal. Ao criar as leis do Antigo Testamento, Ele estabeleceu leis que desencorajassem e punissem o mal. Ele julgou as nações e os reis que desprezavam a justiça e buscavam o mal. Da mesma forma no Novo Testamento, Deus afirma que o governo tem a responsabilidade de prover a justiça a fim de proteger os inocentes do mal (Romanos 13). Ele promete também graves consequências aos que cometem atos malignos, especialmente contra os "inocentes" (Marcos 9:36-42).

Em resumo, vivemos em um mundo real onde as nossas boas e más ações têm consequências diretas e indiretas sobre nós e sobre os que nos rodeiam. Deus deseja a nossa obediência para o nosso bem, para que “bem lhes fosse a eles e a seus filhos para sempre” (Deuteronômio 5:29). Em vez disso, o que acontece é que escolhemos o nosso próprio caminho e então culpamos a Deus por não fazer nada sobre isso. Tal é o coração do homem pecador. Entretanto, Jesus veio para mudar os corações dos homens através do poder do Espírito Santo. Assim Jesus é capaz de agir a favor dos que se voltam contra o pecado e clamam a Ele para que os salve do pecado e das suas consequências (2 Coríntios 5:17). Deus previne e restringe alguns atos de maldade. Este mundo seria MUITO PIOR se o Senhor não estivesse restringindo o mal. Ao mesmo tempo, Deus nos deu a capacidade de escolher entre o bem e o mal, e quando escolhemos o mal, Ele permite que nós e os que nos rodeiam soframos as suas consequências. Ao invés de culpar e questionar a Deus sobre os Seus motivos para não impedir todo o mal, deveríamos nos ocupar com a proclamação da cura ao mal e suas consequências - Jesus Cristo!

É errado ter raiva de Deus?

Ter raiva de Deus é algo com o qual muitas pessoas, crentes e descrentes, têm lutado por muito tempo. Quando algo trágico acontece em nossas vidas, fazemos a pergunta "Por quê?" a Deus por ser essa a nossa resposta natural. O que realmente estamos perguntando, porém, não é necessariamente "Por quê, Deus?", mas "Por que eu, Deus?" Essa resposta indica duas falhas no nosso pensamento. Em primeiro lugar, como crentes, muitas vezes operamos sob a impressão de que a vida deva ser fácil e que Deus deva impedir que tragédias aconteçam a nós. Quando Ele permite, ficamos com raiva dEle. Segundo, quando não compreendemos a extensão da soberania de Deus, perdemos a confiança na Sua capacidade de controlar as circunstâncias, outras pessoas e a forma em que nos afetam. Então ficamos com raiva de Deus porque parece que Ele perdeu o controle do universo e especialmente das nossas vidas. Quando perdemos a fé na soberania de Deus, isso indica que a nossa frágil natureza humana está lutando com a nossa própria frustração e falta de controle sobre os eventos. Quando coisas boas acontecem, muitas vezes atribuímo-las às nossas próprias realizações e sucesso. Quando coisas ruins acontecem, porém, rapidamente culpamos a Deus, e ficamos com raiva dEle por não preveni-las, o que indica a primeira falha no nosso pensamento -- que merecemos ser imunes de situações desagradáveis.

Tragédias trazem à tona a terrível verdade de que não estamos no comando. Todos pensamos em um momento ou outro quando podemos controlar os resultados de situações, mas na realidade é Deus quem se encarrega de toda a Sua criação. Tudo o que acontece ou é causado ou permitido por Deus. Nem um pardal cai no chão nem um cabelo cai de nossa cabeça sem que Deus o saiba (Mateus 10:29-31). Podemos reclamar, ficar com raiva e culpar a Deus pelo que está acontecendo. No entanto, se confiarmos Nele e submetermos a nossa amargura e dor a Ele, reconhecendo o pecado orgulhoso de tentar forçar a nossa vontade à dEle, Ele pode e vai nos conceder a Sua paz e força para passarmos por qualquer situação difícil (1 Coríntios 10:13). Muitos crentes em Jesus Cristo podem atestar esse fato. Podemos ficar com raiva de Deus por muitas razões, por isso todos temos que aceitar em algum ponto que certas coisas não podemos controlar nem compreender com nossa mente finita.

Nosso entendimento da soberania de Deus em todas as circunstâncias deve ser acompanhado de nossa compreensão dos seus outros atributos: Seu amor, misericórdia, benignidade, bondade, justiça, retidão e santidade. Quando vemos nossas dificuldades através da verdade da Palavra de Deus – a qual nos diz que o nosso Deus amoroso e santo faz todas as coisas para o nosso bem (Romanos 8:28), e que Ele tem um plano e propósito perfeito que não pode ser contrariado (Isaías 14:24, 46:9-10) – começamos a enxergar nossos problemas em uma luz diferente. Sabemos também pelas Escrituras que esta vida nunca será uma de alegria e felicidade contínuas. Em vez disso, Jó nos lembra: "No entanto o homem nasce para as dificuldades tão certamente como as fagulhas voam para cima" (Jó 5:7), e que a vida é curta e "passa por muitas dificuldades" (Jó 14:1). Só porque nos aproximamos de Cristo para a salvação do pecado não significa que temos a garantia de uma vida livre de problemas. De fato, Jesus disse: "Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo" (João 16:33), permitindo-nos ter a paz interior, independente das tempestades ao nosso redor (João 14:27).

Uma coisa é certa: raiva inadequada é pecado (Gálatas 5:20, Efésios 4:26-27, 31; Colossenses 3:8). A ira ímpia é auto-destrutiva, dá ao diabo um lugar em nossas vidas e pode destruir a nossa paz e alegria se nos prendermos a ela. Agarrar-se à ira permitirá que a amargura e ressentimento brotem em nossos corações. Devemos confessá-la ao Senhor e então, em Seu perdão, podemos liberar esses sentimentos a Ele. Devemos sempre ir diante do Senhor em oração com a nossa dor, raiva e sofrimento. A Bíblia nos diz em 2 Samuel 12:15-23 que Davi aproximou-se do trono da graça a favor do seu bebê doente, jejuando, chorando e orando para que ele sobrevivesse. Quando o bebê morreu, Davi levantou-se, adorou ao Senhor e disse aos seus servos que sabia onde seu bebê estava e que um dia estaria com ele na presença de Deus. Davi clamou a Deus durante a doença do bebê, e depois inclinou-se diante dEle em adoração. Isso é um testemunho maravilhoso. Deus conhece nossos corações e é inútil tentar esconder como nos sentimos, portanto, falar com Ele é uma das melhores maneiras de lidar com a nossa dor. Se fizermos isso humildemente, derramando-lhe nosso coração, Ele trabalhará através de nós e, no processo, cresceremos em semelhança com o nosso Criador.

A pergunta principal é esta: podemos confiar tudo a Deus, incluindo nossas próprias vidas e as vidas dos nossos entes queridos? Claro que podemos! O nosso Deus é compassivo, cheio de graça e amor e, como discípulos de Cristo, podemos confiar nEle com todas as coisas. Quando as tragédias acontecem em nossas vidas, sabemos que Deus pode usá-las para nos aproximar Dele e fortalecer a nossa fé, trazendo-nos à maturidade e integridade (Salmo 34:18; Tiago 1:2-4). Então poderemos ser um testemunho reconfortante para os outros (2 Coríntios 1:3-5). Entretanto, isso é mais fácil dizer do que fazer, pois exige uma entrega diária da nossa vontade à dEle, um estudo fiel de seus atributos como vistos na Palavra de Deus, muita oração e a aplicação do que aprendemos a nossa própria situação. Ao fazermos isso, nossa fé vai progressivamente crescer e amadurecer, facilitando a nossa confiança nEle quando tivermos que enfrentar a próxima tragédia que certamente ocorrerá.

Assim, para responder à pergunta diretamente, sim, é errado ter raiva de Deus. Essa raiva surge como resultado de uma incapacidade ou relutância em confiar em Deus mesmo quando não entendemos o que Ele está fazendo. Ter raiva de Deus é essencialmente o mesmo que dizer que Ele fez alguma coisa errada, o que nunca é o caso. Será que Deus entende quando estamos com raiva, frustrados ou decepcionados com Ele? Sim, Ele conhece nossos corações e sabe quão difícil e dolorosa a vida neste mundo pode ser. Será que isso faz com que seja certo ter raiva de Deus? Absolutamente não. Em vez de estar zangado com Deus, devemos derramar nossos corações a Ele em oração e então confiar que o Senhor está no controle e que Seu plano é perfeito.

Existe um argumento para a existência de Deus?

A questão de se existe um argumento conclusivo a favor da existência de Deus tem sido debatida ao longo da história, com pessoas extremamente inteligentes defendendo ambos os lados da disputa. Nos últimos tempos, os argumentos contra a possibilidade da existência de Deus têm assumido um espírito militante que acusa qualquer pessoa que se atreva a acreditar em Deus como sendo delirante e irracional. Karl Marx afirmou que alguém que acredita em Deus deve ter um distúrbio mental que invalidou sua capacidade de pensar. O psiquiatra Sigmund Freud escreveu que uma pessoa que acredita em um Deus Criador é delirante e agarra-se a essas crenças devido a um fator chamado "desejo de realização" que produz o que Freud considerava uma posição injustificável. O filósofo Friedrich Nietzsche disse sem rodeios que a fé equivale a não querer conhecer a verdade. As vozes destas três figuras históricas (juntamente com outros) são agora simplesmente repetidas por uma nova geração de ateus que afirma que a crença em Deus é intelectualmente injustificável.

É este realmente o caso? É a crença em Deus uma posição racionalmente inaceitável de se manter? Existe um argumento lógico e sensato a favor da existência de Deus? Além de citar a Bíblia, pode-se fazer um caso a favor da Sua existência que refute as posições de ambos os ateus antigos e novos e que realmente justifique acreditar em um Criador? A resposta é sim, pode. Além disso, demonstrar a validade de um argumento para a existência de Deus mostra como o ateísmo é de fato intelectualmente fraco.

Argumentar a existência de Deus torna necessário fazer as perguntas certas logo no início. Começamos com a pergunta metafísica mais básica: "Por que temos algo ao invés do nada?" Esta é a questão básica da existência -- por que estamos aqui; por que a terra está aqui; por que o universo existe ao invés do nada? Ao comentar sobre este ponto, um teólogo disse: "Em certo sentido, o homem não faz as perguntas sobre Deus, sua própria existência é que as provoca".

Ao considerar esta questão, há quatro possíveis respostas a por que temos algo ao invés do nada:

1. A realidade é uma ilusão.
2. A realidade é/foi auto-criada.
3. A realidade é auto-existente (eterna).
4. A realidade foi criada por algo que é auto-existente.

Então, qual é a solução mais plausível? Vamos começar com a realidade simplesmente sendo uma ilusão, pois várias religiões orientais acreditam assim. Esta opção foi descartada há séculos pelo filósofo René Descartes, famoso pela frase "penso, logo existo". Descartes, um matemático, argumentou que se ele pensa, então ele deve "existir". Em outras palavras "Penso, portanto não sou uma ilusão." As ilusões exigem que algo as experimente e, além disso, você não pode duvidar da sua própria existência sem ao mesmo tempo prová-la; acreditar que a realidade seja uma ilusão é um argumento auto-destrutivo e deve ser eliminado.

Em seguida temos a opção da realidade sendo auto-criada. Quando estudamos filosofia, aprendemos de afirmações "analiticamente falsas", o que significa que são falsas por definição. A possibilidade da realidade ser auto-criada é um desses tipos de declarações pela simples razão de que algo não pode existir antes de si mesmo. Se você criou a si mesmo, então você deve ter existido antes de se criar, mas esse não pode ser o caso. Na evolução, às vezes esse conceito é mencionado como "geração espontânea" - algo vindo do nada - uma posição que poucas pessoas sensatas (talvez nenhuma) continuam a defender simplesmente porque não se pode obter algo do nada. Até mesmo o ateu David Hume disse: "Nunca confirmei uma proposição tão absurda como afirmar que algo possa surgir sem uma causa." Já que algo não pode vir do nada, a alternativa da realidade sendo auto-criada tem que ser descartada também.

Agora ficamos com apenas duas escolhas: uma realidade eterna ou a realidade sendo criada por algo eterno: um universo eterno ou um Criador eterno. Jonathan Edwards, teólogo do século 18, resumiu esta encruzilhada:

• Algo existe.
• O nada não pode criar alguma coisa.
• Portanto, "algo" necessário e eterno tem que existir.

Observe que devemos voltar a um eterno “algo”. O ateu que ridiculariza aquele que crê em Deus por acreditar em um Criador eterno tem, ao invés, que aceitar um universo eterno; essa é a única outra porta que pode escolher. Entretanto, a pergunta agora é: até onde as provas nos levam? Será que a evidência aponta à matéria antes da mente ou à mente antes da matéria?

Até agora, todas as principais evidências científicas e filosóficas apontam menos a um universo eterno e mais a um Criador eterno. Do ponto de vista científico, os cientistas honestos admitem que o universo teve um começo e que nada que teve um começo pode ser eterno. Em outras palavras, tudo que teve um início tem uma causa, e se o universo teve um começo, então teve uma causa também. O fato de que o universo teve um início é ressaltado por evidências como a segunda lei da termodinâmica, o eco de radiação do Big Bang descoberto no início de 1900, o fato de que o universo está em expansão e pode ser rastreado a um início singular e a teoria da relatividade de Einstein. Todas elas provam que o universo não é eterno.

Além disso, as leis que rodeiam a causalidade falam contra o universo sendo a causa fundamental de tudo o que conhecemos por esse fato simples: um efeito deve se assemelhar a sua causa. Sendo isto verdade, nenhum ateu pode explicar como um universo impessoal, sem propósito, sem sentido e amoral acidentalmente criou seres (nós) cheios de personalidade e obcecados por propósito, significado e moral. Tal coisa, do ponto de vista causal, completamente refuta a ideia de um universo natural dando origem a tudo o que existe. Assim, no final, o conceito de um universo eterno é eliminado.

O filósofo John Stuart Mill (não um cristão) resumiu o que dissemos até agora: "É auto-evidente que só a Mente pode criar a mente." A única conclusão racional e sensata é que um Criador eterno seja de fato o responsável pela realidade tal como a conhecemos. Ou para explicar através de um conjunto lógico de afirmações:

• Algo existe.
• Você não consegue algo do nada.
• Portanto, um "algo" necessário e eterno existe.
• As duas únicas opções são um universo eterno e um eterno Criador.
• A ciência e a filosofia têm refutado o conceito de um universo eterno.
• Assim, existe um Criador eterno.

Lee Strobel, um ex-ateu que chegou a esse resultado há muitos anos, comentou: "Essencialmente, percebi que para permanecer um ateu eu teria que acreditar que nada produz tudo; não-vida produz vida; aleatoriedade produz sincronização; caos produz informação; inconsciência produz a consciência e a não-razão produz razão. Aqueles saltos de fé eram simplesmente grandes demais para eu tomar, especialmente à luz do caso afirmativo da existência de Deus... Em outras palavras, na minha avaliação, a cosmovisão cristã pôde justificar a totalidade da evidência de uma forma muito melhor do que a cosmovisão ateísta."

No entanto, a próxima pergunta que devemos enfrentar é esta: se existe um Criador eterno (e já mostramos que Ele existe), que tipo de Criador é Ele? Podemos inferir certas coisas sobre Ele com base no que criou? Em outras palavras, podemos entender a causa através dos seus efeitos? A resposta a esta pergunta é sim, podemos, e as seguintes conclusões podem ser tiradas:

• Ele deve ser de natureza sobrenatural (pois criou o tempo e espaço).
• Ele deve ser onipotente (excessivamente poderoso).
• Ele deve ser eterno (auto-existente).
• Ele deve ser onipresente (pois criou o espaço e não é por ele limitado).
• Ele deve ser eterno e imutável (pois criou o tempo).
• Ele deve ser imaterial porque transcende o espaço físico.
• Ele deve ser pessoal (o impessoal não pode criar a personalidade).
• Ele deve ser infinito e singular porque não se pode ter dois infinitos.
• Ele deve ser diversificado e unificado ao mesmo tempo, uma vez que unidade e diversidade existem na natureza.
• Ele deve ser onisciente (supremamente inteligente). Apenas um ser cognitivo pode criar um outro ser cognitivo.
• Ele deve ter propósito pois deliberadamente criou tudo.
• Ele deve ser moral (não se pode ter uma lei moral sem o seu legislador).
• Ele deve ser cuidadoso (ou as leis morais não teriam sido dadas).

Essas coisas sendo verdadeiras, perguntamos agora se alguma religião no mundo descreve tal Criador. A resposta a esta pergunta é sim: o Deus da Bíblia se encaixa perfeitamente nesse perfil. Ele é sobrenatural (Gênesis 1:1), poderoso (Jeremias 32:17), eterno (Salmo 90:2), onipresente (Salmo 139:7), eterno/imutável (Malaquias 3:6), imaterial (João 5:24 ), pessoal (Gênesis 3:9), necessário (Colossenses 1:17), infinito/singular (Jeremias 23:24, Deuteronômio 6:4), diverso e unificado (Mateus 28:19), inteligente (Salmo 147:4 -5), com propósito (Jeremias 29:11), moral (Daniel 9:14) e cuidadoso (1 Pedro 5:6-7).

Um outro ponto a abordar sobre a questão da existência de Deus é a questão de quão justificável a posição do ateu realmente é. Já que o ateu afirma que a posição do crente não é convincente, então é apenas razoável fazer-lhe a mesma pergunta. A primeira coisa a entender é que a afirmação que o ateu faz - "Deus não existe", que é o que a palavra "ateu" significa - é uma posição insustentável de um ponto de vista filosófico. Assim como disse o jurista e filósofo Mortimer Adler: "Uma proposição existencial afirmativa pode ser provada, mas uma proposição existencial negativa – uma que negue a existência de algo - não pode ser provada." Por exemplo, alguém pode afirmar que uma águia vermelha existe enquanto outra pessoa afirme que águias vermelhas não existem. A primeira apenas precisa encontrar uma única águia vermelha para provar a sua afirmação. No entanto, a segunda precisa pesquisar o universo inteiro e literalmente estar em todo lugar ao mesmo tempo para garantir que não deixou de ver uma águia vermelha em algum lugar e em algum momento, o que é impossível de fazer. É por isso que os ateus intelectualmente honestos admitem que não podem provar que Deus não existe.

Em seguida, é importante compreender o problema que rodeia a gravidade das reivindicações sobre o que é verdade e a quantidade de provas necessárias para justificar determinadas conclusões. Por exemplo, se alguém colocasse dois recipientes de limonada na sua frente e dissesse que um talvez fosse mais azedo do que o outro, já que as consequências de beber o mais azedo não seriam graves, não seria necessário considerar uma grande quantidade de provas para fazer a sua escolha. No entanto, se a um copo o anfitrião tivesse adicionado adoçante e ao outro, veneno de rato, então seria bom ter bem mais provas antes de fazer a sua escolha.

Este é o lugar onde uma pessoa tem que parar e decidir entre o ateísmo e a crença em Deus. Já que a crença no ateísmo poderia resultar em consequências eternas irreparáveis, parece ser razoável que o ateu fosse obrigado a apresentar evidências de peso e derrogatórias que apoiassem a sua posição, mas ele não pode. O ateísmo simplesmente não pode apresentar evidências suficientes que corroborem a gravidade de suas acusações. Em vez disso, o ateu e aqueles a quem convence de sua posição entram na eternidade com os dedos cruzados, esperando que não encontrarão a verdade desagradável de que a eternidade realmente existe. Como Mortimer Adler diz: "Mais consequências para a vida e conduta resultam da afirmação ou negação de Deus do que de qualquer outra questão básica."

Então, será que a crença em Deus tem justificativa intelectual? Existe um argumento racional, lógico e sensato a favor da Sua existência? Absolutamente. Embora ateus como Freud aleguem que os que crêem em Deus simplesmente querem o cumprimento de um desejo, talvez Freud e seus seguidores sejam os que realmente sofrem desse mal: a esperança e o desejo de que Deus e qualquer prestação de contas não existam e, portanto, nenhum juízo. No entanto, o Deus da Bíblia é quem refuta Freud ao afirmar a Sua existência e um julgamento vindouro a todo aquele que, no fundo, sabe que Deus existe mas escolhe suprimir essa verdade (Romanos 1:20). Por outro lado, para aqueles que respondem corretamente à evidência de que um Criador realmente existe, Ele oferece o caminho da salvação proporcionado através de Seu Filho, Jesus Cristo: "Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus" (João 1:12-13).

É errado sentir-se decepcionado com Deus?

Sentir-se decepcionado com Deus não é necessariamente errado ou pecaminoso, ao invés, é uma parte da condição humana. A palavra decepção significa "um sentimento de insatisfação quando as esperanças, desejos e expectativas de alguém não acontecem." Quando Deus de alguma forma deixa de satisfazer as nossas esperanças ou de agir de acordo com as nossas expectativas, a decepção é o resultado inevitável. Quando Deus não age da maneira que achamos que deveria, ficamos desiludidos com Ele e insatisfeitos com o Seu desempenho. Isso pode levar a uma vacilante fé em Deus, especialmente em Sua soberania e Sua bondade.

Quando Deus não age quando achamos que deva agir, não é por ser incapaz de fazê-lo. Pelo contrário, Ele simplesmente escolhe não fazê-lo. Embora isso pareça um ato arbitrário ou caprichoso da Sua parte, o oposto é verdadeiro. Deus escolhe agir ou não agir segundo a Sua vontade perfeita e santa a fim de concretizar os Seus justos propósitos. Nenhum acontecimento cai fora do plano de Deus. Ele tem o controle de cada molécula que flutua no universo, e a vontade de Deus abrange cada decisão e ato tomados por cada pessoa, em todos os momentos, por todo o mundo. Ele nos diz em Isaías 46:11: "Do oriente convoco uma ave de rapina; de uma terra bem distante, um homem para cumprir o meu propósito. O que eu disse, isso eu farei acontecer; o que planejei, isso farei." Até os pássaros fazem parte, de alguma forma, do Seu plano preordenado. Além disso, há momentos em que Ele escolhe nos informar de seus planos (Isaías 46:10) e momentos em que Ele não o faz. Às vezes a gente entende o que Ele está fazendo, às vezes não (Isaías 55:9). Uma coisa sabemos com certeza: se pertencermos a Ele, tudo o que Ele escolhe fazer é para o nosso bem, quer possamos entendê-lo ou não (Romanos 8:28).

A chave para evitarmos ficar decepcionados com Deus é alinhar a nossa vontade com a dEle e submeter-nos à Sua vontade em todas as coisas. Fazer isso não só nos protegerá de qualquer decepção com Deus, mas também impedirá resmungos e reclamações dos acontecimentos em nossas vidas. Os israelitas no deserto reclamaram e duvidaram de Deus em diversas ocasiões, mesmo depois de testemunharem várias milagrosas demonstrações do Seu poder na divisão do Mar Vermelho, na provisão de maná e carne no deserto e na glória do Senhor que os seguiu na forma de uma coluna de fogo (Êxodo 15-16, Números 14:2-37). Apesar da contínua fidelidade de Deus ao Seu povo, eles reclamavam e ficavam decepcionados porque Ele não agia como achavam que deveria. Ao invés de submeter-se à Sua vontade e confiar nEle, eles estavam em um constante estado de tumulto e confusão.

Quando alinharmos a nossa vontade com a de Deus e quando pudermos dizer, com Jesus: "Não seja feita a minha vontade mas a tua" (Lucas 22:42), então encontraremos o contentamento de que nos falou Paulo em 1 Timóteo 6:6-10 e Filipenses 4:11-12. Paulo aprendera a se contentar com o que Deus enviasse em seu caminho. Ele confiou em Deus e submeteu-se à Sua vontade, sabendo que um Deus santo, justo, perfeito, amoroso e misericordioso usaria todas as coisas para o seu bem, assim como havia prometido. Quando enxergamos Deus dessa forma, não tem como ficarmos decepcionados com Ele. Pelo contrário, submetemo-nos voluntariamente ao nosso Pai celestial, sabendo que a Sua vontade é perfeita e que tudo acontece em nossas vidas será para o nosso bem e Sua glória.

Como devo entender o conceito de Deus Pai?

“Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu: que fôssemos chamados filhos de Deus, o que de fato somos! Por isso o mundo não nos conhece, porque não o conheceu” (1 João 3:1). Esta passagem começa com um comando: "Vejam". João quer que observemos as manifestações do amor do Pai. Ele introduziu o tema do amor de Deus no capítulo anterior (1 João 2:5, 15), discute-o brevemente aqui e explica-o detalhadamente no quarto capítulo. O propósito de João é descrever o tipo de amor que o Pai dá aos Seus filhos: "como é grande o amor." A palavra grega traduzida em "como é grande" é encontrada somente seis vezes no Novo Testamento e sempre implica espanto e admiração.

O que é interessante notar aqui é que João não diz: "O Pai nos ama". Ao fazer isso, ele estaria descrevendo uma condição. Em vez disso, ele nos diz que o Pai "derramou" o Seu amor em nós e isso, por sua vez, retrata uma ação e a medida do amor de Deus. Também é interessante notar que João escolheu a palavra "Pai" de propósito. Essa palavra implica a relação pai-filho. No entanto, Deus não se tornou pai ao adotar-nos como filhos. A paternidade de Deus é eterna. Ele é eternamente o Pai de Jesus Cristo, e através de Jesus é o nosso Pai. Através de Jesus recebemos o amor do Pai e somos chamados de "filhos de Deus".

Que honra saber que Deus nos chama de Seus filhos e nos dá a certeza de que, como Seus filhos, somos herdeiros e co-herdeiros com Cristo (Romanos 8:17). Em seu Evangelho, João também nos diz que Deus dá o direito de se tornarem filhos de Deus a todos os que em fé recebem Cristo como o Senhor e Salvador (João 1:12). Deus estende Seu amor ao Seu Filho Jesus Cristo e, através dele, a todos os Seus filhos adotivos.

Então, quando João nos diz: "isso é o que somos!", ele declara a realidade da nossa posição em Cristo. Agora, neste exato momento, somos Seus filhos. Em outras palavras, esta não é uma promessa que Deus cumprirá no futuro. Não, a verdade é que já somos filhos de Deus. Desfrutamos de todos os direitos e privilégios acarretados pelo nosso conhecimento de Deus como o nosso Pai. Por sermos Seus filhos, experimentamos do Seu amor. Por sermos Seus filhos, reconhecemo-lo como o nosso Pai, pois temos um conhecimento experiencial de Deus. Colocamos a nossa confiança e fé naquele que nos ama, cuida de nossas necessidades e nos protege assim como nossos pais terrenos devem fazer. Assim também como os pais terrenos devem fazer, Deus disciplina os Seus filhos quando desobedecem ou ignoram os Seus mandamentos. Ele faz isso para o nosso bem, "para que participemos da sua santidade" (Hebreus 12:10).

As Escrituras descrevem de muitas maneiras aqueles que amam e obedecem a Deus. Somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Romanos 8:17), somos sacerdotes santos (1 Pedro 2:5), somos novas criaturas (2 Coríntios 5:17) e somos participantes da natureza divina (2 Pedro 1:4). Entretanto, mais do que qualquer uma das descrições acima - mais importante do que qualquer título ou cargo - é o simples fato de que somos filhos de Deus e que Ele é o nosso Pai celestial.

O que é a glória de Deus?

A glória de Deus é a beleza do Seu espírito. Não é uma beleza estética ou material, mas é a beleza que emana do Seu caráter, de tudo o que Ele é. Tiago 1:10 convida um homem rico a "orgulhar-se se passar a viver em condição humilde", indicando uma glória que não significa riqueza, poder ou beleza material. Esta glória pode coroar o homem ou encher a terra. É vista dentro do homem e na terra, mas não pertence a eles, só a Deus. A glória do homem é a beleza do espírito do homem, a qual é falível e passageira, sendo assim humilhante, como nos diz o versículo. Entretanto, a glória de Deus, manifesta através do conjunto dos Seus atributos, nunca passa. É eterna.

Isaías 43:7 diz que Deus nos criou para a Sua glória. Em contexto com os outros versículos, pode-se dizer que o homem "glorifica" a Deus porque através do homem a glória de Deus pode ser vista em coisas como o amor, música, heroísmo e assim por diante -- coisas pertencentes a Deus que carregamos em "vasos de barro" (2 Coríntios 4:7). Somos os vasos que "contêm" a Sua glória. Todas as coisas que somos capazes de fazer e ser encontram a sua fonte nEle. Deus interage com a natureza da mesma maneira. A natureza exibe a Sua glória. Sua glória é revelada à mente do homem através do mundo material de muitas formas, e muitas vezes de formas diferentes para pessoas diferentes. Uma pessoa pode maravilhar-se com a visão das montanhas, enquanto outra talvez ame a beleza do mar. Entretanto, aquilo que está por trás de ambas (a glória de Deus) fala com as pessoas e as conecta com Deus. Desta forma, Deus é capaz de Se revelar a todos os homens, independente de sua raça, patrimônio ou localização. Como o Salmo 19:1-4 diz: "Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo."

Salmo 73:24 chama o próprio céu de "glória". Costumava ser comum ouvir os Cristãos falarem da morte como sendo "recebido na glória", a qual é uma frase tirada deste Salmo. Quando o Cristão morre, ele será levado à presença de Deus e na Sua presença será naturalmente cercado pela glória de Deus. Seremos levados ao lugar onde a beleza de Deus literalmente habita - a beleza de Seu Espírito estará lá porque Ele estará lá. Novamente, a beleza de Seu Espírito (ou a essência de quem Ele é) é a Sua "glória". Naquele lugar, a Sua glória não precisará vir através do homem ou da natureza, ao invés, será vista claramente, assim como 1 Coríntios 13:12 diz: "Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido."

No sentido humano/terreno, a glória é uma beleza ou vibração que repousa sobre o material da terra (Salmo 37:20, Salmo 49:17) e, nesse sentido, é passageira. Entretanto, a razão do seu desvanecimento é que as coisas materiais não são duradouras. Elas morrem e secam, mas a glória que se encontra nelas pertence a Deus e retorna a Ele quando a morte ou deterioração leva o material. Pense no homem rico mencionado anteriormente. O verso diz: "E o rico deve orgulhar-se se passar a viver em condição humilde, porque passará como a flor do campo." O que isso significa? O versículo está advertindo o homem rico a perceber que a sua riqueza, poder e beleza vêm de Deus, e a humilhar-se ao dar-se conta de que Deus é quem faz dele o que é e quem dá-lhe tudo o que tem. Além disso, estar consciente de que perecerá como a erva é o que vai levá-lo a perceber que a glória vem de Deus. A glória de Deus é a fonte, o manancial de onde emanam todas as pequenas glórias.

Já que a glória procede de Deus, Ele não permitirá a afirmação de que a glória seja proveniente do homem, dos ídolos do homem ou da natureza. Em Isaías 42:8, vemos um exemplo do ciúme de Deus por Sua glória. Este ciúme por Sua própria glória é o que Paulo menciona em Romanos 1:21-25 quando fala de formas em que as pessoas adoram a criatura ao invés do Criador. Em outras palavras, observam o objeto através do qual a glória de Deus procede e, em vez de dar a Deus o crédito por isso, adoram aquele animal, árvore ou homem como se a beleza que possuem tivesse se originado de dentro deles. Este é o coração da idolatria e é uma ocorrência muito comum. Todo aquele que tem vivido já cometeu esse erro em um momento ou outro. Todos já "trocamos" a glória de Deus em favor da "glória do homem".

Esse é o erro que muitas pessoas continuam a cometer: confiar nas coisas terrenas, relacionamentos terrenos, em seus próprios poderes, talentos ou beleza, ou na bondade que vêem em outras pessoas. Entretanto, quando estas coisas desaparecem e falham, como inevitavelmente acontecerá (sendo apenas portadores temporários da maior glória), essas pessoas entram em desespero. O que precisamos compreender é que a glória de Deus é constante e, ao viajarmos através da vida, poderemos vê-la manifestada aqui e ali, nessa pessoa ou naquela floresta, ou em uma história de amor ou de heroísmo, fictícia ou não, ou em nossas próprias vidas pessoais. Entretanto, tudo isso volta a Deus no final. E o único caminho para Deus é através de Seu Filho, Jesus Cristo. Encontraremos a fonte de toda a beleza nEle, no céu, se estivermos em Cristo. Nada será perdido para nós. Todas essas coisas que desvaneceram na vida encontraremos novamente nEle.

O que significa que Deus é eterno?

A palavra eterno significa "perpétuo, sem começo e sem fim." Salmo 90:2 nos diz sobre a eternidade de Deus: "Antes de nascerem os montes e de criares a terra e o mundo, de eternidade a eternidade tu és Deus." Já que os seres humanos usam o tempo para medir tudo, é muito difícil conceber o conceito de algo que não teve começo, tem sempre existido e sempre existirá. No entanto, a Bíblia não tenta provar a existência de Deus ou a Sua eternidade, mas apenas começa com a frase "No princípio Deus..." (Gênesis 1:1), indicando que no início do tempo registrado, Deus já existia. A duração que se estende sem limite ao passado e a duração sem limite ao futuro, de tempos eternos a tempos eternos, Deus foi e será para sempre.

Quando Moisés foi comissionado por Deus para ir aos israelitas com uma mensagem Sua, Moisés não tinha certeza do que dizer se perguntassem-lhe qual era o nome de Deus. A resposta de Deus é mais reveladora: "Disse Deus a Moisés: ‘Eu Sou o que Sou. É isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês’” (Êxodo 3:14). Isto revela a verdadeira essência de Deus, Sua auto-existência e que Ele é o Ser dos seres. Também descreve sua eternidade e imutabilidade, bem como a Sua constância e fidelidade no cumprimento de Suas promessas do passado, presente e futuro. O sentido é, não apenas sou o que sou no momento, mas continuarei a ser o que tenho sido e o que sempre serei. As próprias palavras de Deus sobre a Sua eternidade falam conosco das páginas das Escrituras.

Jesus Cristo, Deus encarnado, também constatou a Sua divindade e eternidade às pessoas do Seu dia ao declarar-lhes: "Eu lhes afirmo que antes de Abraão nascer, Eu Sou!" (João 8:58). É evidente que Jesus estava afirmando ser Deus em carne porque os judeus, ao ouvir esta declaração, tentaram apedrejá-lo até a morte. Para os judeus, declarar ser o Deus eterno era uma blasfêmia digna de morte (Levítico 24:16). Jesus estava afirmando ser eterno, assim como o Pai é eterno. Isso foi declarado novamente por João a respeito da natureza de Cristo: "No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus" (João 1:1). Antes dos registros dos tempos, Jesus e o Pai eram um em essência e compartilhavam igualmente o atributo da eternidade.

Romanos 1:20 diz-nos que a natureza eterna de Deus e o Seu eterno poder são revelados através da Sua criação. Todos os homens veem e entendem esse aspecto da natureza de Deus pelo testemunho dos vários aspectos da ordem criada. O sol e os corpos celestes continuam em suas órbitas século após século. As estações vão e vêm em seu tempo determinado, as árvores produzem folhas na primavera e perdem-nas no outono. Ano após ano as coisas continuam, e ninguém pode parar ou alterar o plano de Deus. Tudo isso comprova o poder eterno de Deus e o Seu plano para a Terra. Um dia, Ele criará um novo céu e nova terra e eles, como Ele, continuarão por toda a eternidade. Nós que pertencemos a Cristo mediante a fé continuaremos por toda a eternidade também, compartilhando a eternidade do nosso Deus, em cuja imagem fomos criados.

Será que Deus é justo?

Felizmente para nós, Deus não é justo. Justiça significa que todos recebem exatamente o que merecem. Na mente de muitas pessoas, ser justo é tratar a todos da mesma forma. Se Deus fosse completamente justo, todos passaríamos a eternidade no inferno pagando por nossos pecados, o que é exatamente o que merecemos. Todos temos pecado contra Deus (Romanos 3:23) e somos, portanto, dignos de morte eterna (Romanos 6:23). Se recebêssemos o que merecemos, acabaríamos no lago de fogo (Apocalipse 20:14-15). Entretanto, Deus não é justo; ao contrário, Ele é misericordioso e bom, por isso enviou Jesus Cristo para morrer na cruz em nosso lugar, carregando sobre Si a punição que merecemos (2 Coríntios 5:21). Tudo o que temos que fazer é crer em Deus e seremos salvos, perdoados e recebedores de um lar eterno no céu (João 3:16).

No entanto, apesar de graça amorosa de Deus, ninguém acreditaria nEle por conta própria (Romanos 3:10-18). Deus tem que nos aproximar dEle para que acreditemos (João 6:44). Deus não chama todos, apenas algumas pessoas soberanamente escolhidas (Romanos 8:29-30, Efésios 1:5, 11). Isto não é "justo" aos nossos olhos porque parece que Deus não está tratando as pessoas igualmente. No entanto, Deus não tem que escolher ninguém. Novamente, seria inteiramente justo que todos passassem a eternidade no inferno. Deus salvando alguns não é injusto para aqueles que permanecem sem salvação, pois estão recebendo exatamente o que merecem.

Os escolhidos por Deus estão recebendo o amor e a graça de Deus. Entretanto, quando Deus atrai nossos corações e abre nossas mentes, todos temos a oportunidade de responder à revelação da criação (Salmo 19:1-3), assim como à consciência que Deus colocou em nós (Romanos 2:15), e voltar-nos para Deus. Aqueles que não o fazem receberão o que realmente merecem por causa de Sua rejeição dEle. Aqueles que rejeitam-no recebem a punição justa (João 3:18, 36). Os que acreditam estão recebendo muito mais, e muito melhor, do que merecem. Ninguém, porém, está sendo punido além do que merece. Será que Deus é justo? Não. Felizmente, Deus é muito mais do que justo! Deus é um Deus de graça, misericórdia e perdão - mas também santo, justo e íntegro.

O que significa dizer que Deus é infinito?

A natureza infinita de Deus significa simplesmente que Deus existe aparte de, e não é limitado pelo tempo ou espaço. Infinito significa simplesmente "sem limites". Quando nos referimos a Deus como "infinito", geralmente usamos termos como onisciência, onipotência, onipresença para referir-nos a Ele.

A onisciência significa que Deus é onisciente, ou seja, Ele tem conhecimento ilimitado. Seu conhecimento infinito é o que o qualifica como governante e juiz soberano sobre todas as coisas. Deus não apenas sabe de tudo que acontecerá, mas também de todas as coisas que poderiam ter acontecido. Nada pega Deus de surpresa, e ninguém pode esconder o pecado dEle. Há muitos versículos na Bíblia onde Deus revela esse aspecto de Sua natureza. Um deles é 1 João 3:20: "... Deus é maior do que o nosso coração e sabe todas as coisas."

A onipotência significa que Deus é todo-poderoso, ou seja, Ele tem poder ilimitado. Ter todo o poder é importante porque estabelece a capacidade de Deus de realizar a Sua vontade soberana. Porque Deus é onipotente e tem poder infinito, nada pode impedir que a Sua vontade decretada venha a acontecer, e nada pode deter ou atrapalhar Seus propósitos divinos de serem cumpridos. Há muitos versículos na Bíblia em que Deus revela esse aspecto de Sua natureza. Um deles é Salmo 115:3: "O nosso Deus está nos céus, e pode fazer tudo o que lhe agrada." Ou, ao responder à pergunta dos discípulos: "Neste caso, quem pode ser salvo?" (Mateus 19:25), Jesus diz: "Para o homem é impossível, mas para Deus todas as coisas são possíveis" (Mateus 19:26).

A onipresença significa que Deus está sempre presente. Não há nenhum lugar onde se possa ir para escapar da presença de Deus. Deus não é limitado pelo tempo ou espaço. Ele está presente em cada ponto do tempo e espaço. A presença infinita de Deus é importante porque estabelece que Deus é eterno. Deus sempre existiu e sempre existirá. Antes do início dos tempos, Deus já era. Antes que o mundo ou até mesmo a matéria em si tivesse sido criada, Deus já era. Ele não tem começo nem fim, e nunca houve um tempo quando Ele não existia, nem haverá um tempo em que deixará de existir. Novamente, muitos versículos na Bíblia nos revelam este aspecto da natureza de Deus, e um deles é o Salmo 139:7-10: "Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá estás. Se eu subir com as asas da alvorada e morar na extremidade do mar, mesmo ali a tua mão direita me guiará e me susterá."

Porque Deus é infinito, também se diz que Ele é transcendente, ou seja, Deus vai muito além da Sua criação e é tanto maior do que a criação quanto independente dela. O que isto significa é que Deus vai muito além de nossa capacidade de compreender plenamente que, se não tivesse revelado a Si mesmo, não poderíamos saber ou entender como Ele é. Entretanto, felizmente, Deus não nos deixou ignorantes sobre Si mesmo. Em vez disso, revelou-se a nós através da revelação geral (criação e nossa consciência) e da revelação especial (a Palavra escrita de Deus, a Bíblia, e a Palavra viva de Deus, Jesus Cristo). Portanto, podemos conhecer a Deus, e podemos saber como nos reconciliar com Ele e como viver segundo a Sua vontade. Apesar de sermos finitos e de Deus ser infinito, podemos conhecer e compreendê-lo assim como Se revelou a nós.

Que aparência tem Deus?

Deus é espírito (João 4:24), portanto, Sua aparência não se parece com nada que possamos descrever. Êxodo 33:20 nos diz: "Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá." Como seres humanos pecadores, somos incapazes de ver Deus em toda a Sua glória. Sua aparência é totalmente inimaginável e muito gloriosa para ser seguramente percebida pelo homem pecador.

Em várias ocasiões, a Bíblia descreve a aparência de Deus como sendo semelhante a de um homem. Estes casos não devem ser entendidos como descrevendo exatamente a aparência de Deus, mas sim como Deus se revelando a nós de uma forma que possamos compreender. A aparência de Deus vai além da nossa capacidade de compreender e descrever. Deus nos dá vislumbres de Sua aparência para nos ensinar verdades sobre Si próprio, não necessariamente para que possamos ter uma imagem dEle em nossas mentes. Duas passagens que poderosamente descrevem a aparência surpreendente de Deus são Ezequiel 1:26-28 e Apocalipse 1:14-16.

Ezequiel 1:26-28 declara: “E por cima do firmamento, que estava por cima das suas cabeças, havia algo semelhante a um trono que parecia de pedra de safira; e sobre esta espécie de trono havia uma figura semelhante à de um homem, na parte de cima, sobre ele. E vi-a como a cor de âmbar, como a aparência do fogo pelo interior dele ao redor, desde o aspecto dos seus lombos, e daí para cima; e, desde o aspecto dos seus lombos e daí para baixo, vi como a semelhança de fogo, e um resplendor ao redor dele. Como o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em redor.” Apocalipse 1:14-16 proclama: “E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; e os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece.”

Essas passagens representam as melhores tentativas de Ezequiel e João para descrever a aparência de Deus. Eles tiveram que usar uma linguagem simbólica para descrever aquilo para o qual a linguagem humana não tem palavras, ou seja, "semelhante","como a aparência", "como o aspecto", etc. Sabemos que quando estivermos no céu "assim como é o veremos" (1 João 3:2). O pecado não mais existirá, e seremos capazes de perceber Deus em toda a Sua glória.

O que significa que Deus é onipotente?

A palavra onipotente vem de omni – que significa "todo" e potente que significa "poder". Tal como os atributos da onisciência e onipresença, segue-se que, se Deus é infinito, e se é soberano, o que sabemos que Ele é, então Ele também deve ser onipotente. Ele tem todo o poder sobre todas as coisas em todos os momentos e em todos os sentidos.

Jó falou do poder de Deus em Jó 42:2: "Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido." Jó estava reconhecendo a onipotência de Deus na realização de Seus planos. Moisés também foi relembrado por Deus de que Ele tinha todo o poder para levar a cabo Seus propósitos em relação aos israelitas: “Porém, o SENHOR disse a Moisés: Teria sido encurtada a mão do SENHOR? Agora verás se a minha palavra se há de cumprir ou não” (Números 11:23).

Em nenhum lugar a onipotência de Deus é vista mais claramente do que na criação. Deus disse: "Haja..." e assim foi (Gênesis 1:3, 6, 9, etc.) O homem necessita de ferramentas e materiais para criar, Deus simplesmente falou e pelo poder de Sua palavra tudo foi criado do nada. "Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca" (Salmo 33:6).

O poder de Deus também é visto na preservação da Sua criação. Toda a vida na terra pereceria se não fosse pela Sua provisão contínua de tudo o que precisamos para comer, vestir e habitar, todos feitos com recursos renováveis sustentados pelo Seu poder como o preservador do homem e animal (Salmo 36:6). Os mares que cobrem a maior parte da terra, e sobre os quais somos impotentes, oprimiriam-nos se Deus não os limitasse (Jó 38:8-11).

A onipotência de Deus se estende aos governos e líderes (Daniel 2:21) porque Ele os restringe ou deixa seguir o seu caminho de acordo com os Seus planos e propósitos. Seu poder é ilimitado em relação a Satanás e seus demônios. O ataque de Satanás em Jó foi limitado a apenas algumas ações por ter sido contido pelo poder ilimitado de Deus (Jó 1:12, 2:6). Jesus relembrou Pilatos de que ele não teria poder sobre Ele se não lhe tivesse sido concedido pelo Deus de todo o poder (João 19:11).

Sendo onipotente, Deus pode fazer qualquer coisa. No entanto, isso não significa que Deus tenha perdido a Sua onipotência quando a Bíblia diz que Ele não pode fazer certas coisas. Por exemplo, Hebreus 6:18 diz que Ele não pode mentir. Isso não significa que Ele não tem o poder de mentir, mas que Deus escolhe não mentir de acordo com a Sua própria perfeição moral. Da mesma forma, apesar dEle ser todo-poderoso e odiar o mal, Ele permite que o mal aconteça de acordo com o Seu bom propósito. Ele usa certos acontecimentos perversos para levar a cabo os Seus propósitos, tal como quando o maior mal de todos ocorreu -- o assassinato do perfeito, santo e inocente Cordeiro de Deus para a redenção da humanidade.

Como o Deus encarnado, Jesus Cristo é onipotente. Seu poder é visto nos milagres que realizou – em Suas numerosas curas, na alimentação dos cinco mil (Marcos 6:30-44), em acalmar a tempestade (Marcos 4:37-41) e na exibição definitiva de poder ao ressuscitar Lázaro e a filha de Jairo dos mortos (João 11:38-44, Marcos 5:35-43), um exemplo de Seu controle sobre a vida e a morte. A morte foi a principal razão pela qual Jesus veio -- para destruí-la (1 Coríntios 15:22, Hebreus 2:14) e para restaurar os pecadores a um relacionamento correto com Deus. O Senhor Jesus disse claramente que Ele tinha o poder para dar a Sua vida e para retomá-la, um fato que alegorizou ao falar sobre o templo (João 2:19). Ele tinha o poder de invocar doze legiões de anjos para salvá-lo durante seu julgamento, se necessário (Mateus 26:53), mas escolheu oferecer-se em humildade no nosso lugar (Filipenses 2:1-11).

O grande mistério é que este poder pode ser compartilhado por crentes que estão unidos a Deus em Jesus Cristo. Paulo diz: "De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo" (2 Coríntios 12:9 b). O poder de Deus é mais exaltado em nós quanto maiores forem as nossas fraquezas porque Ele "é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera" (Efésios 3:20). É o poder de Deus que continua mantendo-nos em um estado de graça apesar do nosso pecado (2 Timóteo 1:12), e pelo Seu poder somos guardados de cair (Judas 24). Seu poder será proclamado por todos os seres celestiais por toda a eternidade (Apocalipse 19:1). Que essa seja a nossa oração interminável!

O que significa que Deus é onipresente?

O prefixo omni procede da palavra latina que significa “todo”. Assim, dizer que Deus é onipresente é dizer que Ele está presente em todos os lugares. Em muitas religiões, Deus é considerado onipresente, enquanto que no judaísmo e cristianismo, esta visão é adicionalmente subdividida na transcendência e imanência de Deus. Embora Deus não seja totalmente imerso no tecido da criação (panteísmo), Ele está presente em todos os lugares e em todos os momentos.

A presença de Deus é contínua ao longo de toda a criação, embora não seja revelada da mesma maneira e ao mesmo tempo para as pessoas em toda parte. Às vezes Ele pode estar ativamente presente em uma situação, embora escolha não revelar a Sua presença em uma outra circunstância, em alguma outra área. A Bíblia revela que Deus tanto pode estar presente a uma pessoa de uma forma manifesta (Salmo 46:1, Isaías 57:15) quanto estar presente em todas as situações em toda a criação em qualquer momento (Salmo 33:13-14). A onipresença é o método de Deus de estar presente em todos os intervalos de tempo e espaço. Embora Deus esteja presente em todo tempo e espaço, Ele não é localmente limitado a qualquer tempo ou espaço. Deus está em toda parte e em cada momento. Nenhuma partícula ou molécula atômica é tão pequena para escapar da presença de Deus, e nenhuma galáxia é tão grande que Ele não a possa conter. Entretanto, se tentássemos remover a criação, Deus ainda a conheceria, pois Ele sabe de todas as possibilidades, sejam elas reais ou não.

Deus está naturalmente presente em todos os aspectos da ordem natural das coisas, em todo tempo, maneira e lugar (Isaías 40:12, Naum 1:3). Deus está ativamente presente de uma maneira diferente em cada acontecimento na história como um guia providente dos assuntos humanos (Salmo 48:7, 2 Crônicas 20:37, Daniel 5:5-6). Deus está presente e atento de uma maneira especial àqueles que invocam o Seu nome, intercedem por outros, adoram a Deus, fazem petições e oram fervorosamente por perdão (Salmo 46:1). Ele está supremamente presente na pessoa do Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo (Colossenses 2:19), e misticamente presente na igreja universal que cobre a terra e contra a qual as portas do inferno não prevalecerão.

Assim como a onisciência de Deus apresenta aparentes paradoxos devido às limitações da mente humana, o mesmo ocorre com a onipresença de Deus. Um desses paradoxos é importante: a presença de Deus no inferno, o lugar ao qual os ímpios são enviados e sofrem a fúria ilimitada e incessante de Deus por causa do seu pecado. Muitos argumentam que o inferno seja um lugar de separação de Deus (Mateus 25:41) e se assim for, não se pode dizer então que Deus esteja em um lugar separado dEle. No entanto, os ímpios no inferno suportam a Sua ira eterna, pois Apocalipse 14:10 fala do seu tormento na presença do Cordeiro. Pensar que Deus esteja presente em um lugar aonde os maus são suspostamente enviados causa certa consternação. No entanto, este paradoxo pode ser explicado pelo fato de que Deus pode estar presente -- porque Ele enche todas as coisas com a Sua presença (Colossenses 1:17) e sustenta tudo pela palavra do Seu poder (Hebreus 1:3) – mesmo assim, Ele não necessariamente está em todos os lugares para abençoar.

Assim como Deus é muitas vezes separado de Seus filhos por causa do pecado (Isaías 52:9), está longe dos ímpios (Provérbios 15:29) e ordena que os incrédulos escravos da escuridão no final dos tempos se afastem a um lugar de castigo eterno, Deus ainda está lá no meio. Ele sabe como as almas no inferno estão agora sofrendo; Ele conhece suas angústias, seus gritos por alívio, suas lágrimas e tristeza pelo estado eterno no qual suas almas se encontram. Ele está presente em todos os sentidos como um lembrete perpétuo do seu pecado que criou uma separação de todas as bênçãos que de outra forma poderiam ter recebido. Ele está presente em todos os sentidos, mas não exibe nenhum outro atributo além da Sua ira.

Da mesma forma, Ele também estará no céu, manifestando todas as bênçãos que nem podemos começar a compreender aqui. Ele estará lá exibindo Sua múltiplas bênçãos, Seu múltiplo amor e Sua múltipla bondade --de fato, todos os seus atributos, com a exceção da Sua ira. A onipresença de Deus deve servir como um lembrete de que não podemos nos esconder de Deus quando pecamos (Salmo 139:11-12), mas podemos voltar-nos para Deus em arrependimento e fé sem termos que nos deslocar (Isaías 57:16).

O que significa que Deus é onisciente?

A onisciência é definida como "o estado de ter conhecimento total, a qualidade de saber tudo." Para que Deus seja soberano sobre a Sua criação de todas as coisas, visíveis ou invisíveis, Ele tem que ser onisciente. Sua onisciência não é restrita a uma única pessoa da Trindade – o Pai, Filho e Espírito Santo são todos por natureza oniscientes.

Deus sabe de tudo (1 João 3:20). Ele não só conhece os mínimos detalhes da nossa vida, mas também de tudo ao nosso redor, pois menciona que sabe até quando um pardal cai ou quando perdemos um único fio de cabelo (Mateus 10:29-30). Deus não só sabe de tudo o que ocorrerá até o fim da história em si (Isaías 46:9-10), mas também conhece nossos pensamentos antes mesmo de falarmos (Salmo 139:4). Ele conhece os nossos corações de longe e até nos viu quando ainda estávamos no ventre materno (Salmo 139:1-3, 15-16). Salomão expressa essa verdade perfeitamente quando diz: "porque só tu conheces o coração de todos os filhos dos homens" (1 Reis 8:39).

Apesar da condescendência do Filho de Deus despojar-se de Si mesmo e assumir a forma de servo (Filipenses 2:7), a Sua onisciência é claramente vista nos escritos do Novo Testamento. A primeira oração dos apóstolos, encontrada em Atos 1:24: "Tu, Senhor, conhecedor dos corações de todos", implica a onisciência de Jesus, a qual é necessária para que seja capaz de receber petições e interceder na mão direita de Deus. Na Terra, a onisciência de Jesus é igualmente clara. Em muitos relatos do Evangelho, Ele conhecia os pensamentos do Seu público (Mateus 9:4, 12:25, Marcos 2:6-8; Lucas 6:8). Ele sabia de detalhes das vidas das pessoas antes mesmo de conhecê-las. Quando conheceu a mulher samaritana que estava tirando água do poço de Sicar, Ele disse-lhe: "Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade" (João 4:18). Jesus também diz aos Seus discípulos que o Seu amigo Lázaro estava morto, embora estivesse mais de 40 km de distância da casa de Lázaro (João 11:11-15). Ele aconselhou os discípulos a irem preparar-se para a Ceia do Senhor, descrevendo a pessoa que iriam encontrar e acompanhar (Marcos 14:13-15). Talvez o melhor exemplo: Ele conhecia Natanael antes mesmo de encontrá-lo, pois já conhecia o seu coração (João 1:47-48).

Claramente observamos a onisciência de Jesus na Terra, mas aqui é onde começa o paradoxo também. Jesus faz perguntas, o que talvez implique a ausência de conhecimento, embora o Senhor faça perguntas mais para o benefício de Sua audiência do que para Si mesmo. No entanto, existe uma outra faceta acerca de Sua onisciência que surge das limitações da natureza humana que Ele, como o Filho de Deus, assumiu. Lemos que, como um homem, "crescia Jesus em sabedoria, e em estatura" (Lucas 2:52) e que Ele "aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu" (Hebreus 5:8). Também lemos que Ele não sabia quando seria o fim do mundo (Mateus 24:34-36). Nós, portanto, temos que perguntar: por que o Filho não sabe disso quando já sabia de tudo mais? Ao invés de encarar isto como uma limitação humana, devemos considerá-lo um controlado limite de conhecimento. Aqui vemos um ato voluntário de humildade a fim de de participar plenamente da nossa natureza (Filipenses 2:6-11, Hebreus 2:17) e ser o segundo Adão.

Finalmente, não há nada difícil demais para um Deus onisciente, e é com base na nossa fé em tal Deus que podemos descansar seguros, sabendo que promete nunca desamparar-nos enquanto continuarmos nEle. Ele conhece-nos desde a eternidade, mesmo antes da criação. Deus já conhecia eu e você, já sabia quando apareceríamos no decorrer do tempo e com quem iríamos interagir. Ele até previu o nosso pecado em toda a sua feiúra e depravação, mas ainda, em amor, escolheu colocar o Seu selo sobre nós e nos atraiu a esse amor em Jesus Cristo (Efésios 1:3-6). Um dia o veremos face a face, mas o nosso conhecimento de Deus nunca será completo. Nossa admiração, amor e louvor a Ele continuarão por todos os milênios enquanto nos aquecemos nos raios do Seu amor celestial, aprendendo e apreciando cada vez mais o nosso Deus onisciente.

Será que Deus nos castiga quando pecamos?

Para responder a esta pergunta, primeiro precisamos fazer a distinção entre punição e disciplina. Para os crentes em Jesus, todos os nossos pecados - passados, presentes e futuros - já foram punidos na cruz. Como cristãos, nunca seremos punidos pelo pecado. Isso foi feito de uma vez por todas. "Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1). Por causa do sacrifício de Cristo, Deus só vê a justiça de Cristo quando olha para nós. Nosso pecado foi pregado na cruz com Jesus, e nunca seremos punidos por causa dele.

O pecado que permanece em nossas vidas, porém, às vezes requer a disciplina de Deus. Se continuarmos a agir de forma pecaminosa e não nos arrependermos e voltarmos contra o pecado, Deus traz a Sua disciplina divina sobre nós. Se não o fizesse, Ele não seria um Pai amoroso e preocupado. Assim como disciplinamos os nossos próprios filhos para o seu bem-estar, assim também o nosso Pai celestial amorosamente corrige os Seus filhos para o seu bem. Hebreus 12:7-11 diz: "Suportem as dificuldades, recebendo-as como disciplina; Deus os trata como filhos. Pois, qual o filho que não é disciplinado por seu pai? Se vocês não são disciplinados, e a disciplina é para todos os filhos, então vocês não são filhos legítimos, mas sim ilegítimos. Além disso, tínhamos pais humanos que nos disciplinavam, e nós os respeitávamos. Quanto mais devemos submeter-nos ao Pai dos espíritos, para assim vivermos! Nossos pais nos disciplinavam por curto período, segundo lhes parecia melhor; mas Deus nos disciplina para o nosso bem, para que participemos da sua santidade. Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados."

A disciplina, então, é o que Deus usa para tirar os Seus filhos da rebelião à obediência. Através da disciplina os nossos olhos se abrem de forma mais clara à perspectiva de Deus em nossas vidas. Como o Rei Davi disse no Salmo 32, a disciplina nos leva a confessar e nos arrepender dos pecados que ainda não foram tratados. Desta forma, a disciplina é uma limpeza. É também um catalisador de crescimento. Quanto mais soubermos sobre Deus, mais sabemos sobre os Seus desejos para as nossas vidas. A disciplina apresenta-nos a oportunidade de aprender e de conformar-nos à imagem de Cristo (Romanos 12:1-2). A disciplina é uma coisa boa!

Precisamos nos lembrar que o pecado é constante em nossa vida enquanto estivermos na terra (Romanos 3:10, 23). Portanto, não temos apenas que lidar com a disciplina de Deus para a nossa desobediência, mas também temos de lidar com as naturais consequências resultantes do pecado. Se um crente rouba alguma coisa, Deus vai perdoá-lo e purificá-lo do pecado de roubo, restaurando a comunhão entre Ele e o ladrão arrependido. No entanto, as consequências sociais do roubo podem ser graves, resultando em multas ou até mesmo prisão. Estas são as consequências naturais do pecado e devem ser suportadas. Entretanto, Deus age mesmo através daquelas consequências para aumentar a nossa fé e glorificar a Si mesmo.

Por que Deus exige fé?

A nossa relação com Deus é semelhante ao nosso relacionamento com outras pessoas porque todos os relacionamentos exigem fé. Nunca poderemos conhecer plenamente qualquer outra pessoa. Não podemos ter todas as experiências que elas têm, nem podemos entrar em suas mentes para saber quais são os seus pensamentos e emoções. Provérbios 14:10 diz: "Cada coração conhece a sua própria amargura, e não há quem possa partilhar sua alegria." Somos incapazes de sequer conhecermos os nossos próprios corações plenamente. Jeremias 17:9 diz que o coração humano é perverso e enganador, "Quem é capaz de compreendê-lo?" Em outras palavras, o coração humano é tal que tenta ocultar a profundidade da sua maldade, enganando até mesmo o seu proprietário. Fazemos isso através de transferência de culpa, justificação do comportamento errado, minimização dos nossos pecados, etc.

Porque somos totalmente incapazes de conhecer outras pessoas, até um certo grau a fé (confiança) é um ingrediente integral em todas as relações. Por exemplo, uma esposa entra em um carro com o seu marido dirigindo, confiando que ele dirigirá de forma segura, mesmo que muitas vezes dirija mais rápido do que ela em estradas perigosas. Ela confia que ele agirá para o bem de todos em todos os momentos. Todos nós compartilhamos informações sobre nós mesmos com outras pessoas, confiando que não vão trair-nos com esse conhecimento. Dirigimos pela estrada confiando que as outras pessoas seguirão as regras e leis da estrada. Assim, quer seja com estranhos ou com amigos íntimos e companheiros, porque não podemos conhecer as outras pessoas plenamente, a confiança é sempre um componente necessário de nossos relacionamentos.

Se não podemos conhecer os nossos companheiros humanos e finitos totalmente, como podemos esperar conhecer plenamente o Deus infinito? Mesmo se Ele desejasse revelar-se plenamente, é impossível conhecê-lo plenamente. É como tentar derramar o oceano (aparentemente infinito em quantidade) em uma pequena jarra de medição (finito)... impossível! No entanto, assim como podemos ter relacionamentos significativos com outras pessoas em quem passamos a confiar por causa do nosso conhecimento sobre suas vidas e seu caráter, assim Deus tem revelado o suficiente sobre si mesmo através da Sua criação (Romanos 1:18-21), através da Sua Palavra escrita, a Bíblia (2 Timóteo 3:16-17; 2 Pedro 1:16-21), e através do Seu Filho (João 14:9), de tal forma que podemos entrar em um relacionamento significativo com Deus. No entanto, isso só é possível quando a barreira do pecado foi removida através da confiança na pessoa e obra de Cristo na cruz como pagamento pelo pecado. Isso é necessário porque, assim como é impossível que a luz e trevas convivam juntas, assim também é impossível que um Deus santo tenha comunhão com o homem pecador a menos que o seu pecado tenha sido pago e removido. Jesus Cristo, o perfeito Filho de Deus, morreu na cruz para tomar sobre Si o nosso castigo e transformar-nos a fim de que aquele que nEle crê possa tornar-se filho de Deus e viver eternamente na Sua presença (João 1:12, 2 Coríntios 5:21; 2 Pedro 3:18, Romanos 3:10-26).

Houve momentos no passado quando Deus revelou-se mais "visivelmente" para as pessoas. Um exemplo disso foi o momento do êxodo do Egito, quando Deus revelou o Seu cuidado com os israelitas ao enviar as pragas milagrosas sobre os egípcios até que estivessem dispostos a libertar os israelitas da escravidão. Deus então abriu o Mar Vermelho, permitindo que cerca de dois milhões de israelitas atravessassem em terra seca. Então, quando o exército egípcio tentou persegui-los através da mesma abertura, Ele fez cair as águas sobre eles (Êxodo 14:22-29). Mais tarde, no deserto, Deus alimentou-os milagrosamente com o maná e guiou-os de dia por uma coluna de nuvem e de noite por uma coluna de fogo, representações visíveis de Sua presença com eles (Êxodo 15:14-15) .

No entanto, apesar destas manifestações repetidas do seu amor, orientação e poder, os israelitas ainda se recusaram a confiar nEle quando Ele queria que entrassem na Terra Prometida. Ao invés, eles escolheram confiar na palavra de dez homens que os assustaram com suas histórias das cidades muradas e estatura gigantesca de algumas das pessoas da terra (Números 13:26-33). Esses eventos mostram que a nova revelação do próprio Deus para nós não teria um efeito maior sobre a nossa capacidade de confiar nEle. Se Deus escolhesse interagir de forma semelhante com pessoas que vivem hoje, reagiríamos da mesma maneira que os israelitas porque os nossos corações pecaminosos são os mesmos que os deles.

A Bíblia também fala de um tempo futuro quando o Cristo glorificado voltará a governar a terra de Jerusalém por 1.000 anos (Apocalipse 20:1-10). Mais pessoas nascerão na terra durante esse reinado de Cristo. Ele governará com plena justiça e retidão, no entanto, apesar de seu governo perfeito, a Bíblia diz que no final dos 1.000 anos Satanás não terá problemas em organizar um exército para se rebelar contra o governo de Cristo. O evento futuro do milênio e os eventos passados do êxodo revelam que o problema não é com Deus revelando-se de forma insuficiente para o homem; ao invés, o problema é com a rebeldia do coração do homem contra o reinado amoroso de Deus. Nós pecaminosamente desejamos o auto-governo.

Deus tem revelado o suficiente de Sua natureza para que sejamos capazes de confiar nEle. Ele tem demonstrado através dos acontecimentos da história, do funcionamento da natureza e através da vida de Jesus Cristo que Ele é todo-poderoso, onisciente, sábio, amoroso, santo, imutável e eterno. Através dessa revelação, Ele mostrou ser digno de confiança. Entretanto, como com os israelitas no deserto, a escolha é nossa se vamos confiar nEle ou não. Muitas vezes estamos inclinados a fazer essa escolha com base naquilo que achamos que sabemos sobre Deus e não com base no que Ele revelou sobre Si mesmo e pode ser entendido sobre Ele através de um cuidadoso estudo da infalível Palavra de Deus, a Bíblia. Se você não tiver feito isso, inicie um estudo cuidadoso da Bíblia para que possa vir a conhecer Deus através de uma dependência do Seu Filho, Jesus Cristo, o qual veio à Terra para nos salvar dos nossos pecados, para que possamos ter um doce companheirismo com Deus, agora e de uma forma completa no céu um dia.

Será que Deus nos tenta a pecar?

Em Gênesis 22:1, a palavra hebraica às vezes traduzida como "tentação" é a palavra nacah, a qual significa "testar, experimentar, provar, tentar, analisar, pôr à prova ou teste." Porque existem muitos sinônimos possíveis, temos de dar uma olhada no contexto e compará-la com outras passagens. Ao lermos o relato do evento, notamos que Deus não tinha a intenção de permitir que Abrão concluísse o sacrifício de Isaque. No entanto, Abrão não sabia disso e estava disposto a cumprir as ordens de Deus, sabendo que, se Deus exigira isso, Ele era capaz de ressuscitar Isaque dentre os mortos (Hebreus 11:17-19). Esta passagem em Hebreus é melhor traduzida como "Abrão foi ‘posto à prova’", em vez de dizer que ele foi "tentado". Então, a conclusão é que em Gênesis 22:1 a palavra hebraica traduzida como "tentar" tem a ver com o teste ou avaliação de alguma coisa. Muitas traduções bíblicas na língua portuguesa já transmitem essa ideia ao usarem palavras como “provou” e “posto à prova”.

Tiago 1:13 dá um princípio orientador: ninguém tem o direito de dizer que foi tentado "por Deus". A palavra "por" é essencial para a nossa compreensão desta afirmação porque indica a origem de alguma coisa. As tentações para o pecado não se originam de Deus. Tiago conclui: Deus não pode ser tentado pelo mal e Ele a ninguém tenta.

Uma outra palavra importante nesta discussão é encontrada em Tiago 1:2-3 - "Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes por várias provações, sabendo que a aprovação da vossa fé produz a perseverança". A palavra grega traduzida como "provações" denota problemas, ou algo que rompe o padrão de paz, conforto, alegria e felicidade na vida de alguém. A forma verbal dessa palavra significa "pôr alguém ou algo à prova", com a finalidade de descobrir a natureza daquela pessoa ou qualidade daquela coisa. Deus traz esses testes para provar - e aumentar - a força e a qualidade da nossa fé e para demonstrar a sua validade (versículos 2-12). Assim, de acordo com Tiago, quando enfrentamos tentações, o propósito de Deus é provar a nossa fé e produzir caráter. Esse é um motivo grande, bom e nobre.

Há tentações que são projetadas para nos fazer fracassar? Sim, mas elas não vêm de Deus, mas de Satanás (Mateus 4:1), os seus anjos maus (Efésios 6:12) ou de nós mesmos (Romanos 13:14, Gálatas 5:13). Deus nos permite passar por essas provações, as quais são permitidas para o nosso bem. Deus disse a Abrão para oferecer Isaque -- a tentação não tinha a intenção de fazer Abrão pecar, mas para testar e provar a sua fé.

O que é a vontade de Deus?

Quando se fala da vontade de Deus, muitas pessoas veem três aspectos diferentes a seu respeito na Bíblia. O primeiro aspecto é conhecido como a vontade decretiva, soberana ou oculta de Deus. Esta é a "final" vontade de Deus. Esta faceta da vontade de Deus vem do reconhecimento da soberania de Deus e dos outros aspectos da Sua natureza. Esta expressão da vontade de Deus se concentra no fato de que Ele soberanamente ordena tudo o que chega a acontecer. Em outras palavras, não há nada que aconteça que seja fora da vontade soberana de Deus. Este aspecto da vontade de Deus é visto em versículos como Efésios 1:11, onde aprendemos que Deus é aquele "que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade", e Jó 42:2: "Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado". Este ponto de vista da vontade de Deus é baseado no fato de que, porque Deus é soberano, sua vontade nunca pode ser frustrada. Nada acontece que esteja além de seu controle.

Esta compreensão da Sua vontade soberana não implica que Deus faça tudo acontecer. Pelo contrário, ela reconhece que, por causa da Sua soberania, Ele deve pelo menos permitir que as coisas aconteçam. Este aspecto da vontade de Deus reconhece que, mesmo quando Deus permite passivamente que as coisas aconteçam, Ele tem que optar por permiti-las, uma vez que sempre tem o poder e o direito de intervir. Deus pode sempre optar por permitir ou interromper as ações e eventos deste mundo. Portanto, assim como Ele permite que as coisas aconteçam, elas fazem parte da Sua "vontade" neste sentido da palavra.

Embora a vontade soberana de Deus seja muitas vezes escondida de nós até que chegue a acontecer, há um outro aspecto da Sua vontade que é claro para nós: Sua vontade perceptiva ou revelada. Como o nome indica, esta faceta da vontade de Deus significa que Deus escolheu revelar parte da Sua vontade na Bíblia. A vontade perceptiva de Deus é a Sua vontade declarada a respeito do que devamos ou não fazer. Por exemplo, por causa da vontade revelada de Deus, podemos saber que é a Sua vontade que não roubemos, que amemos nossos inimigos, que nos arrependamos de nossos pecados e que sejamos santos como Ele é santo. Esta expressão da vontade de Deus é revelada tanto em Sua Palavra quanto na nossa consciência, através da qual Deus escreveu Sua lei moral nos corações de todos os homens. As leis de Deus, quer encontradas na Escritura ou em nossos corações, são vinculativas para nós. Teremos que prestar contas por desobedê-las.

Compreender esse aspecto da vontade de Deus reconhece que, embora tenhamos o poder e a capacidade para desobedecer os mandamentos de Deus, não temos o direito de fazê-lo. Portanto, não há desculpa para o nosso pecado e não podemos afirmar que ao escolher pecar estamos simplesmente cumprindo o decreto ou vontade soberana de Deus. Judas estava cumprindo a vontade soberana de Deus ao trair Cristo, assim como os romanos que O crucificaram estavam. Isso não justifica os seus pecados. Eles não eram menos perversos ou traiçoeiros, e tiveram que prestar contas pela sua rejeição de Cristo (Atos 4:27-28). Mesmo que em Sua soberana vontade Deus permita, ou permita que aconteça, o pecado, ainda teremos que prestar contas a Ele.

O terceiro aspecto da vontade de Deus que vemos na Bíblia é a permissiva ou perfeita vontade de Deus. Esta faceta da vontade de Deus descreve a Sua atitude e define o que é agradável a Ele. Por exemplo, embora seja claro que Deus não tem prazer na morte do ímpio, é igualmente claro que ele permite ou decreta a sua morte. Esta expressão da vontade de Deus é revelada em muitos versículos da Bíblia que indicam o que alegra a Deus ou não. Por exemplo, em 1 Timóteo 2:4, vemos que Deus deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade, mas sabemos que a vontade soberana de Deus é que "Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu o ressuscitarei no último dia" (João 6:44).

Se não tivermos cuidado, podemos facilmente ficar preocupados ou até mesmo obcecados em encontrar a "vontade" de Deus para as nossas vidas. No entanto, se a vontade que estivermos buscando for a Sua vontade secreta, oculta ou decretiva, estamos em uma busca tola. Deus não escolheu revelar esse aspecto de Sua vontade para nós. O que devemos procurar conhecer é a vontade perceptiva ou revelada de Deus. O verdadeiro sinal de espiritualidade é quando desejamos conhecer e viver segundo a vontade de Deus assim como revelada nas Escrituras, e ela pode ser resumida como "Sejam santos, porque eu sou santo" (1 Pedro 1:15-16). Nossa responsabilidade é obedecer a Sua vontade revelada e não especular sobre o que a Sua vontade oculta talvez seja. Embora devamos buscar ser "guiados pelo Espírito Santo", nunca devemos esquecer que o Espírito Santo está principalmente nos guiando à justiça e a nos conformarmos à imagem de Cristo para que a nossa vida glorifique a Deus. Deus nos chama a viver nossas vidas de toda palavra que proceda da Sua boca.

Viver de acordo com a Sua vontade revelada deve ser o principal objetivo ou propósito de nossas vidas. Romanos 12:1-2 resume esta verdade, pois somos chamados a nos oferecer "em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." Para conhecermos a vontade de Deus, devemos nos aprofundar na escrita Palavra de Deus, saturando as nossas mentes com ela e orando para que o Espírito Santo nos transforme através da renovação de nossas mentes, de modo que o resultado seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

O que significa que Deus é santo, santo, santo?

A expressão "santo, santo, santo" aparece duas vezes na Bíblia, uma vez no Antigo Testamento (Isaías 6:3) e uma no Novo (Apocalipse 4:8). Em ambos os casos, a frase é falada ou cantada por criaturas celestiais e ambas as vezes ela ocorre na visão de um homem que foi transportado para o trono de Deus: em primeiro lugar pelo profeta Isaías e em seguida pelo apóstolo João. Antes de abordarmos as três repetições da santidade de Deus, é importante compreender exatamente o que ela significa.

A santidade de Deus é a mais difícil de explicar de todos os atributos de Deus, em parte porque é um dos Seus atributos essenciais que não é compartilhado pelo homem. Fomos criados à imagem de Deus e compartilhamos muitos dos seus atributos, obviamente em um grau muito menor –amor, misericórdia, fidelidade, etc. Entretanto, alguns dos atributos de Deus nunca serão compartilhados por seres criados -- onipresença, onisciência, onipotência e santidade. A santidade de Deus é o que o separa e distingue de todos os outros seres. A santidade de Deus é mais do que Sua perfeição ou pureza sem pecado; é a essência de Sua “alteridade” -- Sua transcendência. A santidade de Deus encarna o mistério da Sua grandiosidade e nos faz olhar para Ele com assombro quando começamos a compreender um pouco da Sua majestade.

Isaías foi testemunha de primeira mão da santidade de Deus em Sua visão descrita em Isaías 6. Apesar de Isaías ser um profeta de Deus e um homem justo, sua reação à visão da santidade de Deus foi estar consciente dos seus próprios pecados e desesperar-se por sua vida (Isaías 6:5). Até mesmo os anjos na presença de Deus, aqueles que estavam clamando "Santo, Santo, Santo é o Senhor Todo-Poderoso", cobriram seus rostos e pés com quatro de suas seis asas. Cobrir o rosto e os pés sem dúvida denota a reverência e temor inspirados pela presença imediata de Deus (Êxodo 3:4-5). Os serafins estavam cobertos, como se tentando ocultar-se o tanto quanto possível, em reconhecimento da sua indignidade na presença do Santo. E se o serafim santo e puro exibe tanta reverência na presença do Senhor, quanto maior o respeito que devemos ter, criaturas poluídas e pecaminosas como nós, ao tentarmos aproximarmo-nos dEle! A reverência mostrada a Deus pelos anjos deve nos lembrar de nossa própria presunção quando nos apressamos em Sua presença irreverentemente e impensadamente, como frequentemente fazemos porque não entendemos a Sua santidade.

A visão de João do trono de Deus em Apocalipse 4 foi semelhante à de Isaías. Novamente, havia criaturas viventes ao redor do trono proclamando: "Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus Todo-Poderoso" (Apocalipse 4:8), em reverência e temor ao Santo. João prossegue descrevendo estas criaturas dando glória, honra e reverência a Deus continuamente em torno do Seu trono. Curiosamente, a reação de João à visão de Deus em Seu trono é diferente da de Isaías. Não há registro de João caindo em terror e consciência do seu próprio estado pecaminoso, talvez porque João já tinha encontrado o Cristo Ressurreto no começo da sua visão (Apocalipse 1:17). Cristo tinha colocado a Sua mão sobre João e dito a ele para não ter medo. Da mesma forma, podemos nos aproximar do trono da graça se tivermos a mão de Cristo sobre nós na forma da sua justiça, a qual foi trocada pelo nosso pecado na cruz (2 Coríntios 5:21).

Então por que repetir três vezes "santo, santo, santo" (o triságio)? A repetição de um nome ou uma expressão três vezes era bastante comum entre os judeus. Em Jeremias 7:4, os judeus são representados pelo profeta como dizendo: "O templo do Senhor" três vezes, expressando sua intensa confiança em sua própria adoração, apesar de ter sido hipócrita e corrupta. Jeremias 22:29, Ezequiel 21:27 e 1 Samuel 18:23 contêm expressões semelhantes em intensidade que foram repetidas três vezes. Portanto, quando os anjos ao redor do trono chamam ou clamam um ao outro: "Santo, santo, santo", eles estão expressando com força e paixão a verdade da santidade suprema de Deus, uma característica essencial que expressa Sua impressionante e majestosa natureza.

Além disso, o triságio expressa a natureza trina de Deus, as três Pessoas da Divindade, cada uma igual em santidade e majestade. Jesus Cristo é o Santo que não sofreria "decadência" no túmulo, mas seria ressuscitado para ser exaltado à mão direita de Deus (Atos 2:26, 13:33-35). Jesus é "o Santo e o Justo" (Atos 3:14) cuja morte na cruz dá-nos acesso ao trono do nosso Deus santo desavergonhadamente. A terceira Pessoa da Trindade - o Espírito Santo - pelo Seu próprio nome denota a importância da santidade na essência da divindade.

Por último, as duas visões de anjos ao redor do trono proclamando: "Santo, santo, santo" indica claramente que Deus é o mesmo em ambos os Testamentos. Muitas vezes enxergamos o Deus do Antigo Testamento como um Deus de ira e o do Novo Testamento como um Deus de amor. Entretanto, Isaías e João apresentam um retrato unificado do nosso Deus santo, majestoso, impressionante e imutável (Malaquias 3:6), o qual é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hebreus 13:8) e de onde vem "Toda boa dádiva e todo dom perfeito.... descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes" (Tiago 1:17). A santidade de Deus é eterna, assim como Ele é eterno.

Se Deus sabia que Satanás se rebelaria e Adão e Eva pecariam, por que Ele os criou?

Esta é uma pergunta de duas partes. A primeira parte é “Deus sabia que Satanás se rebelaria e Adão e Eva pecariam?” A resposta se encontra no que a Bíblia ensina sobre o conhecimento de Deus. Sabemos pelas Escrituras que Deus é onisciente, o que literalmente significa que Ele "sabe tudo". Jó 37:16, Salmos 139:2-4, 147:5; Provérbios 5:21; Isaías 46:9-10 e 1 João 3:19-20 não deixam dúvida de que o conhecimento de Deus é infinito e que Ele sabe tudo o que aconteceu no passado, está acontecendo agora e acontecerá no futuro.

Ao olhar alguns dos superlativos nestes versículos -- "perfeito conhecimento", "todos os meus caminhos te são bem conhecidos", "sabe tudo" -- é evidente que o conhecimento de Deus não é apenas maior que o nosso, mas é infinitamente maior. Ele conhece todas as coisas em sua totalidade. Isaías 46:10 declara que Ele não só sabe tudo, mas controla tudo também. De que outra maneira poderia ele "fazer conhecido" a nós o que iria acontecer no futuro e afirmar sem qualquer equívoco que os Seus planos acontecerão? Então, Deus sabia que Adão e Eva pecariam? Ele sabia que Lúcifer iria se rebelar contra Ele e tornar-se Satanás? Sim! Claro que sim! Eles estavam fora de Seu controle a qualquer momento? Absolutamente não. Se o conhecimento de Deus não fosse perfeito, então haveria uma deficiência em Sua natureza. Qualquer deficiência na natureza de Deus significa que Ele não pode ser Deus, pois a própria essência de Deus exige a perfeição de todos os Seus atributos. Portanto, a resposta à primeira pergunta necessariamente tem que ser "sim".

Seguindo adiante à segunda parte da pergunta: "Por que Deus criou Satanás e Adão e Eva sabendo de antemão que eles pecariam?" Esta pergunta é um pouco mais complicada porque estamos pedindo um "porquê" a uma pergunta para a qual a Bíblia geralmente não dá respostas abrangentes. Apesar disso, devemos ser capazes de chegar a um entendimento limitado se examinarmos algumas passagens bíblicas. Para começar, já vimos que Deus é onisciente e que nada pode acontecer fora do seu conhecimento. Então, se Deus sabia que Satanás se rebelaria e cairia do céu e que Adão e Eva pecariam, mas mesmo assim Ele os criou, isso deve significar que a queda da humanidade foi uma parte do plano soberano de Deus desde o início. Nenhuma outra resposta faz sentido ao levarmos em consideração o que temos dito até agora.

Agora temos de ter cuidado em notar que a queda de Adão e Eva em pecado não significa que Deus é o autor do pecado, nem que Ele os tentou a pecar (Tiago 1:13). A queda serve um propósito no plano geral de Deus para a criação e humanidade. Novamente, isso deve ser o caso, ou então a queda da humanidade nunca teria acontecido.

Se considerarmos o que alguns teólogos chamam de "metanarrativa" (ou enredo global) das Escrituras, vemos que a história bíblica pode ser dividida em três seções principais: 1) paraíso (Gênesis 1-2); 2) o paraíso perdido (Gênesis 3 - Apocalipse 20) e 3) o paraíso recuperado (Apocalipse 21-22). De longe, a maior parte da narrativa é dedicada a deixar o paraíso perdido e alcançar o paraíso recuperado. A cruz está no centro da metanarrativa. A cruz foi planejada desde o início (Atos 2:23). Era conhecido e preordenado que Cristo iria para a cruz para dar a Sua vida em resgate por muitos (Mateus 20:28) -- aqueles escolhidos pela presciência de Deus e predestinados para serem o Seu povo (Efésios 1:4-5).

Ao ler as Escrituras com muito cuidado e levando em consideração o que foi dito até agora, somos levados às seguintes conclusões:

1. A rebelião de Satanás e a queda da humanidade foram conhecidas e predestinadas por Deus.
2. Aqueles que se tornariam o povo de Deus, os eleitos, foram conhecidos e predestinados por Deus.
3. A crucificação de Cristo, como uma expiação pelo povo de Deus, foi conhecida e predestinada por Deus.

Assim, ficamos com as seguintes perguntas: Por que criar a humanidade com o conhecimento da queda? Por que criar a humanidade sabendo que apenas alguns seriam "salvos"? Por que intencionalmente enviar Jesus para morrer por um povo que intencionalmente caiu em pecado? Do ponto de vista do homem, não faz sentido. Se a metanarrativa se move do paraíso, ao paraíso perdido, ao paraíso recuperado, por que não ir direto ao paraíso recuperado e evitar o período do paraíso perdido?

A única conclusão à qual podemos chegar, tendo em conta as afirmações acima, é que o propósito de Deus era criar um mundo no qual a Sua glória poderia se manifestar em toda a sua plenitude. A glória de Deus é o objetivo principal da criação. Na verdade, é o objetivo principal de tudo o que Ele faz. O universo foi criado para mostrar a glória de Deus (Salmo 19:1), e a ira de Deus se revela contra aqueles que não glorificam a Deus (Romanos 1:23). Nosso pecado nos leva a carecer da glória de Deus (Romanos 3:23) e no novo céu e nova terra, a glória de Deus é o que vai fornecer a luz (Apocalipse 21:23). A glória de Deus se manifesta quando os Seus atributos estão em exibição perfeita e a história da redenção é uma parte disso.

O melhor lugar para ver isso nas Escrituras é Romanos 9:19-24. A ira e misericórdia mostram as riquezas da glória de Deus e não se pode ter nenhuma delas sem a queda da humanidade. Portanto, todas estas ações -- queda, eleição, redenção, expiação -- servem o propósito de glorificar a Deus. Quando o homem caiu no pecado, a misericórdia de Deus foi exibida imediatamente em não matá-lo no local. A paciência e tolerância de Deus foram expostas quando a humanidade caiu mais profundamente em pecado antes do dilúvio. A justiça e ira de Deus estavam em exposição quando Ele executou julgamento durante o dilúvio, e a misericórdia e graça de Deus foram demonstradas quando Ele salvou Noé e sua família. A ira e a justiça de Deus serão reveladas no futuro quando Ele cuidar de Satanás de uma vez por todas (Apocalipse 20:7-10).

A maior exposição da glória de Deus foi na cruz, onde a Sua ira, justiça e misericórdia se reuniram. O justo julgamento de todo o pecado foi executado na cruz e a graça de Deus foi exibida ao derramar a Sua ira contra o pecado em Seu Filho, Jesus, em vez de em nós. O amor e a graça de Deus são manifestados naqueles a quem Ele salva (João 3:16, Efésios 2:8-9). No fim, Deus será glorificado quando o Seu povo escolhido O adorar por toda a eternidade com os anjos, e os ímpios também glorificarão a Deus quando a Sua justiça e retidão forem finalmente vindicadas pela punição eterna dos pecadores impenitentes (Filipenses 2:11 ). Nada disto poderia ter acontecido sem a rebelião de Satanás e a queda de Adão e Eva.

A objeção clássica a esta posição é que a presciência e predestinação de Deus a respeito da queda limitam a liberdade do homem. Em outras palavras, se Deus criou o homem com pleno conhecimento da iminente queda no pecado, como o homem pode ser responsável pelo seu pecado? A melhor resposta a esta pergunta pode ser encontrada na Confissão de Fé de Westminster capítulo III:

“Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas.” (WFC, III.1)

O que isto quer dizer é que Deus ordena os eventos futuros de tal forma que a nossa própria liberdade e a função das causas secundárias (por exemplo, as leis da natureza) sejam preservadas. Os teólogos chamam isso de "concorrência". A vontade soberana de Deus flui simultaneamente com o nosso livre-arbítrio de modo que o nosso livre-arbítrio sempre resulta na realização da vontade de Deus (por "livre-arbítrio" queremos dizer que nossas escolhas não são coagidas por influências externas).

Para resumir, Deus sabia que Satanás se rebelaria e que Adão e Eva pecariam no Jardim do Éden. Com esse conhecimento, Deus ainda criou Lúcifer e Adão e Eva porque a sua criação e queda faziam parte do Seu plano soberano de manifestar a Sua glória em toda a sua plenitude. Embora a queda tenha sido conhecida e preordenada de antemão, a nossa liberdade de fazer escolhas não é violada porque as nossas escolhas livres são o meio pelo qual a vontade de Deus é realizada.

Qual é a chave para verdadeiramente conhecer Deus?

Dentro de todos nós existe um forte desejo de ser conhecido e conhecer a outros. Mais importante ainda, todas as pessoas têm o desejo de conhecer o seu Criador, mesmo as que não professam crer em Deus. Hoje em dia somos bombardeados com propagandas que prometem muitas maneiras de satisfazer os nossos desejos de saber mais, ter mais, ser mais. No entanto, as promessas vazias que vêm do mundo nunca satisfarão como conhecer a Deus satisfaz. Jesus disse: "Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João 17:3).

Assim, "qual é a chave para verdadeiramente conhecer Deus?" Primeiro, é imperativo entender que o homem, por si só, é incapaz de verdadeiramente conhecer Deus por causa do seu pecado. As Escrituras nos revelam que somos todos pecadores (Romanos 3) e que ninguém alcança o padrão de santidade necessário para ter comunhão com Deus. Também aprendemos que a consequência do nosso pecado é a morte (Romanos 6:23) e que pereceremos eternamente sem Deus a menos que aceitemos e recebamos a promessa do sacrifício de Jesus na cruz. Assim, a fim de verdadeiramente conhecer Deus, devemos primeiramente recebê-lo em nossas vidas. "Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus" (João 1:12). Nada é mais importante do que entender esta verdade quando se trata de conhecer a Deus. Jesus deixa claro que somente Ele é o caminho ao céu e a um conhecimento pessoal de Deus: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim" (João 14: 6).

Não há nenhum requisito para começar esta jornada além de aceitar e receber as promessas mencionadas acima. Jesus veio nos dar vida ao Se oferecer como um sacrifício para que os nossos pecados não nos impedíssemos de conhecer Deus. Quando recebemos esta verdade , podemos começar a jornada de conhecer Deus de uma forma pessoal. Um dos ingredientes fundamentais nesta jornada é entender que a Bíblia é a Palavra de Deus e a Sua revelação de Si mesmo, de Suas promessas e de Sua vontade. A Bíblia é essencialmente uma carta de amor escrita para nós de um Deus amoroso que nos criou para conhecê-lo intimamente. Que melhor maneira de aprender sobre o nosso Criador que nos imergir na Sua Palavra, revelada a nós para esse fim? Além disso, é importante continuar esse processo durante toda a jornada. Paulo escreve a Timóteo: "Quanto a você, porém, permaneça nas coisas que aprendeu e das quais tem convicção, pois você sabe de quem o aprendeu. Porque desde criança você conhece as sagradas letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça" (2 Timóteo 3:14 -16).

Finalmente, verdadeiramente conhecer Deus envolve o nosso compromisso de obedecer ao que lemos nas Escrituras. Afinal, fomos criados para fazer boas obras (Efésios 2:10) e assim fazer parte do plano de Deus de continuar a Se revelar para o mundo. Temos a responsabilidade de viver a própria fé que é necessária para conhecer Deus. Somos sal e luz nesta terra (Mateus 5:13-14), criados para trazer o sabor de Deus para o mundo e para servir como uma luz brilhando no meio da escuridão. Não somente devemos ler e compreender a Palavra de Deus, mas devemos aplicá-la obedientemente e permanecer fiéis (Hebreus 12). O próprio Jesus deu a maior importância a amar a Deus com tudo o que somos e a amar ao próximo como a nós mesmos (Mateus 22). É impossível obedecer este comando sem o compromisso de continuar lendo e aplicando a Sua verdade revelada em Sua Palavra.

Estas são as chaves para verdadeiramente conhecer Deus. É claro que as nossas vidas envolverão muito mais, tal como o compromisso com a oração, a devoção, adoração e companheirismo. Entretanto, isso só surge depois que fizermos uma decisão de seguir Jesus e as suas promessas em nossas vidas, aceitando que nós, por conta própria, não podemos verdadeiramente conhecer Deus. Só então as nossas vidas podem ser cheias de Deus e podemos ter a experiência de conhecê-lo pessoalmente e intimamente.

Quais são os diferentes nomes de Deus e o que significam?

Cada um dos muitos nomes de Deus descreve um aspecto diferente do seu caráter multifacetado. Aqui estão alguns dos nomes mais conhecidos de Deus na Bíblia:

EL, ELOAH: Deus "poderoso, forte, proeminente" (Gênesis 7:1, Isaías 9:6) - etimologicamente, El parece significar "poder", como em "Tenho o poder para prejudicá-los" (Gênesis 31:29). El é associado com outras qualidades, tais como integridade (Números 23:19), zelo (Deuteronômio 5:9) e compaixão (Neemias 9:31), mas a raiz original de ‘poder’ continua.

ELOHIM: Deus "Criador, Poderoso e Forte" (Gênesis 17:7; Jeremias 31:33) - a forma plural de Eloah, a qual acomoda a doutrina da Trindade. Da primeira frase da Bíblia, a natureza superlativa do poder de Deus é evidente quando Deus (Elohim) fala para que o mundo exista (Gênesis 1:1).

EL SHADDAI: "Deus Todo-Poderoso", "O Poderoso de Jacó" (Gênesis 49:24; Salmo 132:2,5) - fala do poder supremo de Deus sobre todos.

ADONAI: "Senhor" (Gênesis 15:2; Juízes 6:15) - usado no lugar de YHWH, o qual os judeus achavam ser sagrado demais para ser pronunciado por homens pecadores. No Antigo Testamento, YHWH é mais utilizado em tratamentos de Deus com o Seu povo, enquanto que Adonai é mais utilizado quando Ele lida com os gentios.

YHWH / YAHWEH / JEOVÁ: "SENHOR" (Deuteronômio 6:4, Daniel 9:14) - a rigor, o único nome próprio para Deus. Traduzido nas bíblias em português como "SENHOR" (com letras maiúsculas) para distingui-lo de Adonai, "Senhor". A revelação do nome é primeiramente dada a Moisés "Eu sou quem eu sou" (Êxodo 3:14). Este nome especifica um imediatismo, uma presença. Yahweh está presente, acessível, perto dos que o invocam por livramento (Salmo 107:13), perdão (Salmo 25:11) e orientação (Salmo 31:3).

JEOVÁ-JIRÉ: "O Senhor proverá" (Gênesis 22:14) - o nome utilizado por Abraão quando Deus proveu o carneiro para ser sacrificado no lugar de Isaque.

JEOVÁ-RAFA: "O Senhor que sara" (Êxodo 15:26) - "Eu sou o Senhor que te sara", tanto em corpo e alma. No corpo, através da preservação e da cura de doenças, e na alma, pelo perdão de iniquidades.

JEOVÁ-NISSI: "O Senhor é minha bandeira" (Êxodo 17:15), onde por bandeira entende-se um lugar de reunião antes de uma batalha. Esse nome comemora a vitória sobre os amalequitas no deserto em Êxodo 17.

JEOVÁ-MAKADESH: "O Senhor que santifica, torna santo" (Levítico 20:8, Ezequiel 37:28) - Deus deixa claro que apenas Ele, e não a lei, pode purificar o Seu povo e fazê-los santos.

JEOVÁ-SHALOM: "O Senhor nossa paz" (Juízes 6:24) - o nome dado por Gideão ao altar que ele construiu após o Anjo do Senhor ter-lhe assegurado de que não morreria como achava que morreria depois de vê-lO.

JEOVÁ-ELOIM: "Senhor Deus" (Gênesis 2:4, Salmo 59:5) - uma combinação do singular nome YHWH e o nome genérico "Senhor", significando que Ele é o Senhor dos senhores.

JEOVÁ-TSIDIKENU: "O Senhor nossa justiça" (Jeremias 33:16) - Tal como acontece com Jeová-Makadesh, só Deus proporciona a justiça para o homem, em última instância, na pessoa de Seu Filho, Jesus Cristo, o qual tornou-se pecado por nós "para que nele fôssemos feitos justiça de Deus" (2 Coríntios 5:21).

JEOVÁ-ROHI: "O Senhor nosso Pastor" (Salmo 23:1) - Depois de Davi ponderar sobre seu relacionamento como um pastor de ovelhas, ele percebeu que era exatamente a mesma relação de Deus com ele, e assim declara: "Yahweh-Rohi é o meu Pastor. Nada me faltará" (Salmo 23:1).

JEOVÁ-SHAMMAH: "O Senhor está ali" (Ezequiel 48:35) - o nome atribuído a Jerusalém e ao templo lá, indicando que o outrora partida glória do Senhor (Ezequiel 8-11) havia retornado (Ezequiel 44:1-4).

JEOVÁ-SABAOTH: "O Senhor dos Exércitos" (Isaías 1:24, Salmos 46:7) - Exércitos significa "hordas", tanto dos anjos quanto dos homens. Ele é o Senhor dos exércitos dos céus e dos habitantes da terra, dos judeus e gentios, dos ricos e pobres, mestres e escravos. O nome expressa a majestade, poder e autoridade de Deus e mostra que Ele é capaz de realizar o que determina a fazer.

EL ELIOM: "Altíssimo" (Deuteronômio 26:19) - derivado da raiz hebraica para "subir" ou "ascender", então a implicação refere-se a algo que é muito alto. El Elyon denota a exaltação e fala de um direito absoluto ao senhorio.

EL ROI: "Deus que vê" (Gênesis 16:13) - o nome atribuído a Deus por Agar, sozinha e desesperada no deserto depois de ter sido expulsa por Sara (Gênesis 16:1-14). Quando Agar encontrou o Anjo do Senhor, ela percebeu que tinha visto o próprio Deus numa teofania. Ela também percebeu que El Roi a viu em sua angústia e testemunhou ser um Deus que vive e vê tudo.

EL-OLAM: "Deus eterno" (Salmo 90:1-3) - A natureza de Deus não tem princípio, fim e nem quaisquer limitações de tempo. Deus contém dentro de Si mesmo a causa do próprio tempo. "De eternidade a eternidade, tu és Deus."

EL-GIBOR: "Deus Poderoso" (Isaías 9:6) - o nome que descreve o Messias, Jesus Cristo, nesta porção profética de Isaías. Como um guerreiro forte e poderoso, o Messias, o Deus Forte, vai realizar a destruição dos inimigos de Deus e governar com cetro de ferro (Apocalipse 19:15).

É às vezes a vontade de Deus que os crentes fiquem doentes?

A doutrina bíblica da soberania de Deus afirma que Deus é Todo-Poderoso sobre tudo. Ele está no controle completo de todas as coisas – do passado, presente e futuro -- e nada que aconteça está fora de sua jurisdição. Ele ou causa diretamente -- ou passivamente permite -- tudo o que acontece. Entretanto, permitir que algo aconteça e fazer com que algo aconteça são duas coisas diferentes. Por exemplo, Deus causou a criação perfeita e sem pecado de Adão e Eva; então Ele permitiu que se rebelassem. Ele não os causou a pecar e com certeza poderia tê-los prevenido, mas Deus escolheu não fazer isso por Seus próprios propósitos e para realizar o Seu plano perfeito. Aquela rebelião abriu a porta a todos os tipos de mal, mal que não foi causado por Deus mas que foi autorizado por Ele a existir.

A doença é uma manifestação de dois grandes tipos de mal -moral e natural. O mal moral é a desumanidade do homem para o homem. O mal natural é composto de coisas como catástrofes naturais e doenças físicas. O mal em si é uma perversão ou corrupção de algo que foi originalmente bom, mas que agora falta algo. No caso da doença, ela é um estado onde a saúde está ausente. A palavra grega para o mal, ponerous, na verdade implica uma malignidade, algo que está corrompendo um bom e saudável estado de ser.

Quando Adão pecou, ele condenou toda a humanidade a sofrer as consequências do pecado, uma das quais é a doença. Romanos 8:20-22 diz: "Pois ela foi submetida à futilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto." Deus, aquele que "sujeitou" a criação à frustração após a Queda, tem um plano para eventualmente liberar a criação de sua escravidão do pecado, assim como Ele nos liberta daquela escravidão através de Cristo.

Até aquele dia, Deus usa a doença e outros males para realizar o Seu propósito soberano, para glorificar a Si mesmo e para exaltar o Seu santo nome. Às vezes Ele milagrosamente cura doenças. Jesus passou por Israel curando toda sorte de doenças e enfermidades (Mateus 4:23) e até mesmo ressuscitou Lázaro dentre os mortos após a sua morte devido a uma doença. Em outras vezes, Deus usa a doença como um método de disciplina ou como um julgamento contra o pecado. O rei Uzias, no Antigo Testamento, foi atingido pela lepra (2 Crônicas 26:19-20). Nabucodonosor foi levado à loucura por Deus até que veio a compreender que "o Altíssimo governa sobre os assuntos dos homens" (Daniel 4). Herodes foi morto e comido pelos vermes por ter tomado a glória de Deus sobre si (Atos 12:21-23). Há ainda pelo menos um caso em que Deus permitiu uma doença – cegueira – não como castigo pelo pecado, mas para através dela revelar a Si mesmo e Suas obras poderosas (João 9:1-3).

Quando a doença chega, talvez não seja o resultado da intervenção direta de Deus em nossas vidas, mas sim o resultado do mundo e corpos caídos, assim como de saúde e estilo de vida deficientes. Além disso, embora existam indicadores bíblicos de que Deus quer que tenhamos boa saúde (3 João 2), todas as enfermidades e doenças são permitidas por Ele para Seus propósitos, quer possamos compreendê-los ou não.

A doença é certamente o resultado da queda do homem no pecado, mas Deus está totalmente no controle e de fato determina até onde o mal pode ir (assim como fez com Satanás e as provações de Jó -- Satanás não teve permissão para ultrapassar os limites). Deus nos diz que é todo-poderoso mais de cinquenta vezes na Bíblia, e é incrível ver como a sua soberania se une com as escolhas que fazemos (as boas e más) para realizar o Seu plano perfeito (Romanos 8:28).

Para aqueles que são crentes e sofrem com males, doenças e/ou enfermidades nesta vida, saber que podem glorificar a Deus através de seu sofrimento ameniza a incerteza quanto a por que Ele a permitiu, algo que talvez não entendam por completo até que estejam em Sua presença na eternidade. Naquele momento, todas as perguntas serão respondidas, ou talvez mais precisamente, já não estaremos mais interessados em perguntar.

Onde está Deus agora? Onde está Deus quando sofremos?

A Bíblia ensina que Deus reina sobre as nações do Seu trono santo no céu (Salmo 47:8, Isaías 6:1, 66:1, Hebreus 4:16). Embora saibamos que a presença de Deus pertence exclusivamente ao céu, os ensinamentos das Escrituras também deixam claro que Deus é onipresente (presente em todos os lugares ao mesmo tempo). Desde o início das Escrituras, vemos a presença de Deus pairando sobre a terra, mesmo quando ainda era sem forma e vazia (Gênesis 1:2). Deus encheu o mundo com a Sua criação, e Sua presença e glória continuam a habitar toda a terra (Números 14:21). Há muitos exemplos nas Escrituras da presença de Deus se movendo pela terra, interagindo com a Sua criação (Gênesis 3:8, Deuteronômio 23:14, Êxodo 3:2; 1 Reis 19:11-18, Lucas 1:35, Atos 16:7). Hebreus 4:13 diz: "Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem havemos de prestar contas." Jeremias 23:24 exclama: "’Poderá alguém esconder-se sem que eu o veja?’, pergunta o Senhor. ’Não sou eu aquele que enche os céus e a terra?’, pergunta o Senhor.” Salmo 139 é um estudo impressionante da onipresença de Deus.

Onde está Deus? Se você for um crente em Jesus Cristo, Deus está com você, ao seu lado, acima de você e dentro de você. A presença de Deus e o Seu vigilante cuidado nunca o abandonarão. Se você não for um crente em Jesus Cristo, Deus está bem na sua frente, convidando-o, atraindo-o, oferecendo-lhe o amor, a misericórdia e a graça que Ele deseja lhe dar. Se não tiver certeza do seu relacionamento com Deus através de Jesus Cristo, leia o nosso artigo sobre "Como posso ficar bem com Deus?" Talvez uma pergunta melhor que "Onde está Deus?" seja "Onde está você em sua relação com Deus?"

Onde está Deus quando sofremos? Parece que mais desejamos conhecer a resposta a esta questão quando enfrentando provas dolorosas e ataques de dúvida. Até mesmo Jesus, durante a Sua crucificação, perguntou: "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?" (Mateus 27:46). Para os espectadores da época, bem como aos que leem a narrativa pela primeira vez, parece que Deus de fato abandonou Jesus, por isso obviamente concluímos que Ele vai nos abandonar também em nossos momentos mais sombrios. No entanto, um estudo mais detalhado dos acontecimentos ocorridos após a crucificação revela que nada pode nos separar do amor de Deus, nem mesmo a morte (Romanos 8:37-39). Depois de Jesus ter sido crucificado, Ele foi glorificado (1 Pedro 1:21, Marcos 16:6, 19; Romanos 4.24-25). Desse exemplo podemos ter certeza de que, mesmo quando não sentimos a presença de Deus no meio da nossa dor, podemos ainda crer na Sua promessa de que Ele nunca nos deixará nem nos abandonará (Hebreus 13:5). "Às vezes Deus permite o que odeia para realizar o que ama" (Joni Tada Erickson).

Colocamos a nossa confiança no fato de que Deus não mente, nunca muda e que a Sua Palavra permanece verdadeira para sempre (Números 23:19, 1 Samuel 15:29, Salmo 110:4; Malaquias 3:6, Hebreus 7:21; 13:8, Tiago 1:17, 1 Pedro 1:25). Não nos desanimamos à face de circunstâncias dolorosas porque vivemos pela fé em cada palavra que procede da boca de Deus, não colocando a nossa esperança no que é visto ou percebido. Confiamos em Deus sabendo que nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais que todo o sofrimento que iremos suportar nesta terra. Então, não fixamos os nossos olhos no que é visto, mas naquilo que é invisível porque sabemos e acreditamos que o que se vê é transitório, mas o que é invisível é eterno (2 Coríntios 4:16-18; 5:7). Também confiamos na Palavra de Deus, a qual diz que Ele está constantemente trabalhando todas as coisas para o bem daqueles que O amam e têm sido chamados segundo o Seu propósito (Romanos 8:28). Embora nem sempre vejamos o bom propósito para o qual Deus está trabalhando as coisas, podemos ter certeza de que virá um tempo quando compreenderemos e veremos mais claramente.

Nossas vidas são como uma colcha de retalhos. Se você olhar o lado de trás de uma colcha, tudo o que se vê é um emaranhado de nós e pontas soltas penduradas por toda parte. É muito pouco atraente e parece que o trabalho não tem nem pé nem cabeça. No entanto, ao virar a colcha, pode-se ver como o criador tem ardilosamente tecido em conjunto cada linha para formar uma bela criação, muito parecida com a vida de um crente (Isaías 64:8). Vivemos com uma compreensão limitada das coisas de Deus, mas está chegando um dia quando vamos conhecer e compreender todas as coisas (Jó 37:5, Isaías 40:28; Eclesiastes 11:5, 1 Coríntios 13:12; 1 João 3:2). Onde está Deus quando sofremos? A mensagem para levar com você em tempos difíceis é que embora não se possa ver a Sua mão, confie em Seu coração e saiba com certeza que Ele não o abandonou. Quando parece que você não tem mais força própria, esse é o momento quando se pode descansar mais plenamente em Sua presença e saber que o Seu poder se aperfeiçoa na fraqueza (2 Coríntios 12:9-10).

Qual é a compreensão bíblica da ira de Deus?

Resposta:
A ira é definida como "a resposta emocional à percepção do mal e injustiça", frequentemente traduzida como "raiva","indignação","cólera" ou "irritação". Tanto os seres humanos quanto Deus expressam a ira. Entretanto, há uma grande diferença entre a ira de Deus e a do homem. A ira de Deus é santa e sempre justificada; a do homem nunca é santa e raramente é justificada.

No Antigo Testamento, a ira de Deus é uma resposta divina à desobediência e pecado do homem. A idolatria era com frequência o motivo para a ira divina. Salmo 78:56-66 descreve a idolatria de Israel. A ira de Deus é constantemente direcionada para aqueles que não seguem a Sua vontade (Deuteronômio 1:26-46, Josué 7:1; Salmo 2:1-6). Os profetas do Antigo Testamento frequentemente escreveram de um dia no futuro, o "dia da ira" (Sofonias 1:14-15). A ira de Deus contra o pecado e a desobediência é perfeitamente justificada porque o Seu plano para a humanidade é santo e perfeito, assim como Deus é santo e perfeito. Deus providenciou uma maneira de podermos ganhar o favor divino -- o arrependimento -- o qual afasta a ira de Deus do pecador. Rejeitar o plano perfeito é rejeitar o amor, a misericórdia, graça e favor de Deus e incorrer a Sua justa ira.

No Novo Testamento, os ensinamentos de Jesus apoiam o conceito de Deus como um Deus de ira que julga o pecado. A história do homem rico e Lázaro fala do julgamento de Deus e das graves consequências para o pecador que não se arrepende (Lucas 16:19-31). Jesus disse em João 3:36 "Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele". Aquele que crê no Filho não sofrerá a ira de Deus pelo seu pecado porque o Filho tomou sobre Si a ira de Deus quando morreu em nosso lugar na cruz (Romanos 5:6-11). Aqueles que não creem no Filho, os que não O recebem como Salvador, serão julgados no dia da ira (Romanos 2:5-6).

Por outro lado, Romanos 12:19, Efésios 4:26 e Colossenses 3:8-10 nos advertem contra a ira humana. Só Deus é capaz de vingar-se porque a Sua vingança é perfeita e santa, enquanto que a ira do homem é pecaminosa, abrindo a porta à influência demoníaca. Para o cristão, a raiva e a ira são inconsistentes com a nossa nova natureza, a qual é a natureza do próprio Cristo (2 Coríntios 5:17). Para concretizar a liberdade da dominação da ira, o crente precisa do Espírito Santo para santificar e purificar o seu coração de sentimentos de ira e raiva. Romanos 8 mostra a vitória sobre o pecado na vida de quem está vivendo no Espírito (Romanos 8:5-8). Filipenses 4:4-7 nos diz que a mente controlada pelo Espírito é cheia de paz.

A ira de Deus é uma coisa espantosa e assustadora. Somente aqueles que foram cobertos pelo sangue de Cristo derramado por nós na cruz podem estar seguros de que a ira de Deus nunca cairá sobre eles. "Como agora fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda seremos salvos da ira de Deus por meio dele!" (Romanos 5:9).